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Aos 101, morre a atriz Dercy Gonçalves
Vítima de pneumonia, a comediante foi internada na madrugada de sexta para sábado, em hospital de Copacabana
Peça de Maria Adelaide Amaral em homenagem a Dercy já está em preparação; direção será de Marília Pêra, e Fafy Siqueira viverá a atriz
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
FABIANE ROQUE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
A atriz e comediante Dercy
Gonçalves morreu às 16h45 de
ontem no hospital São Lucas
(Copacabana, zona sul do Rio),
onde foi internada durante a
madrugada, vítima de pneumonia. Ela tinha 101 anos. A causa
da morte foi insuficiência respiratória e infecção pulmonar,
conseqüências da pneumonia
grave. Ela deixou a filha única,
Dercimar; não era casada.
Até a conclusão desta edição,
a família não divulgou informações sobre velório e enterro. O
mais provável é que o corpo da
artista seja sepultado em seu
município natal, Santa Maria
Madalena, na região noroeste
fluminense, a 230 km do Rio.
A atriz Marília Pêra prepara
já há alguns meses a montagem
de uma peça em homenagem à
artista, na qual será diretora. O
texto de "Dercy por Fafy" é de
Maria Adelaide Amaral, biógrafa de Dercy.
Filha de um alfaiate e de uma
lavadeira, que a abandonou e
aos seis irmãos pequenos, Dolores Gonçalves Costa, nome de
batismo de Dercy, fugiu de casa
aos 17 anos, para se incorporar
a uma companhia de teatro instalada na cidade de Macaé (litoral norte do Estado do Rio).
A estréia teatral de Dercy
aconteceu em 1929, na cidade
de Leopoldina, na Zona da Mata de Minas. Ela integrava o
elenco da Companhia Maria
Castro. No ano seguinte, passou a trabalhar em parceria
com o ator e cantor Eugênio
Pascoal, com quem formou a
dupla "Os Pascoalinos", que se
apresentava em cidades interioranas. Pascoal foi seu primeiro namorado, conforme relatos da própria Dercy.
No Rio, a partir da década de
30, Dercy passou a trabalhar no
teatro de revistas, tornando-se
um sucesso pelo comportamento irreverente no palco,
que se contrapunha à beleza
das vedetes. Nos anos 40, integrou a companhia do empresário Walter Pinto. Na década de
60, Dercy passou a investir em
espetáculos solitários. Rodou o
país inteiro, sempre com falas
recheadas de palavrões, misturando histórias tristes ditas autobiográficas.
No cinema, estreou em 1943,
em "Samba em Berlim", do cineasta Luiz de Barros. Ela contracenou, no filme, com outros
craques da comédia nacional,
como Grande Otelo, Mesquitinha, Catalano e Brandão Filho.
Atuou em 24 filmes.
Dercy também trabalhou na
televisão. Reza a lenda surgida
em torno de sua carreira que,
em 1963, era a atriz mais bem
paga da TV Excelsior. Em 1966,
ingressou na TV Globo, inaugurada um ano antes.
Até 1969, ela apresentou na
Globo o programa de auditório
"Dercy de Verdade". Depois, foi
contratada pela Record, onde
atuou em programas humorísticos e de variedades. Passou
ainda pela Bandeirantes antes
de voltar à Globo, onde em 1984
participou do humorístico
"Humor Livre".
Em 1991, com os seios à mostra, a artista foi o tema do enredo da escola de samba Unidos
do Viradouro, de Niterói, em
desfile do Rio.
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