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Análise/Festival de Teatro de Rio Preto
Evento se sai bem ao promover a produção local e espetáculos de risco
SÉRGIO SALVIA COELHO
ENVIADO ESPECIAL
A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Em sua oitava edição, o Festival Internacional de Teatro
de São José do Rio Preto cumpriu suas funções essenciais.
Trouxe para a cidade montagens estrangeiras inesquecíveis, como "L'Oratoire d'Aurelia", no qual Aurelia Thierrée,
dirigida por sua mãe, Victoria
Chaplin, honram o sobrenome
ilustre com uma precisa e delicada seqüência de sonhos. Possibilitou uma importante estréia mundial, "O Retorno ao
Deserto", na qual a Compagnie
Parnas suprimiu fronteiras ao
endossar o manifesto libertário
de Koltès, em versão bilíngüe;
assim como a "pró-estréia" de
"As Três Velhas", em que Maria
Alice Vergueiro e ilustres bufões do Teatro Pândega provaram estar em condições de promover o rude lirismo de Alejandro Jodorowsky.
O evento também fez um
bom panorama do melhor teatro nacional, com destaque para "Retratos Falantes" do grupo Tapa (São Paulo), formado
por quatro monólogos de Allan
Bennet, encenados pelo despojamento essencial de Eduardo
Tolentino, e uma revitalizada
"Cordélia Brasil", de Antonio
Bivar, estrelada por Maria Padilha com a pegada pop de Gilberto Gawronski.
Promoveu o risco, testando
ao máximo a ávida e generosa
platéia com o estudo preciso de
Francisco Medeiros para "O
Pupilo Quer Ser Tutor", de Peter Handke, junto a Cia. Teatro
Sim... Por Que Não, de Florianópolis; e o "Adagio" de Sabine
Uitz, nos limites do blefe.
Pôs em pé de igualdade com
os prestigiosos convidados dez
montagens de Rio Preto, que
podem agora avaliar o que falta
para que a cidade, além de "estar artista" por 11 dias, possa ter
no resto do ano uma classe teatral que saiba merecer público
e patrocínio constantes.
Finalmente, e o mais importante, deu visibilidade a uma jovem companhia que promete
muito. Neste ano, coube o papel a "Cachorro!", do Teatro Independente, releitura esperta
de Jô Bilac do universo de Nelson Rodrigues, com a direção
"beckettianamente" precisa de
Vinicius Arneiro e a carismática atuação de Carolina Pismel,
Felipe Abib e Paulo Verlings.
Missão cumprida!
O crítico SÉRGIO SALVIA COELHO viajou a convite do festival
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