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Crítica
Em "A Malvada", a teatralidade está em questão
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É nos bastidores do teatro
que se passa "A Malvada" (TC
Cult, 15h20; livre). É ali que
uma jovem e humilde atriz, Anne Baxter, agirá para ficar com
o lugar da estrela do espetáculo, Bette Davis.
Não é apenas uma disputa
pessoal, mas a teatralidade o
que está em questão: ser outra,
representar, é o fundamento
das ações das personagens
principais (existe uma terceira,
Thelma Ritter, a ex-atriz hoje
reduzida a um trabalho de bastidor, portanto desprovida de
teatralidade, ou de voz).
E a voz é importante. Porque
Joseph L. Mankiewicz, o diretor deste filme, parece sempre
ter achado uma balela essa história de que cinema é imagem
(a dele é muito boa, lembre-se).
O cinema é sonoro e o diálogo é
uma arma essencial para mostrar e esconder o pensamento,
para expor e omitir.
Saber a hora exata de cada
operação é, eventualmente, o
que faz uma estrela. É nessa direção que a santinha, Anne
Baxter, agirá desde que, quando o filme começa, ela se apresenta como mera fanzoca.
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