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Em debate, Marisa destaca "valorização" do passado
Em evento promovido pela Folha, cantora apresenta "O Mistério do Samba", sobre a Velha Guarda da Portela, e conversa com a platéia
DA REPORTAGEM LOCAL
"Faço isso como cidadã." Assim a cantora Marisa Monte
definiu sua participação na preservação da obra e da memória
da Velha Guarda da Portela, retratada no documentário "O
Mistério do Samba", exibido
anteontem em SP, dentro do
projeto Folha Documenta.
"Temos a mania de esperar
pelo governo, mas depende de
cada um de nós termos um
olhar de valorização, porque
esse tipo de coisa não tem só lá
na Portela, todas as comunidades têm, aqui em São Paulo
também tem", disse a cantora
ao público que lotou a sala de
cinema para a pré-estréia do
filme e para a sessão de perguntas e respostas que se seguiu.
O Folha Documenta, uma
parceria da Folha e do Cine
Bombril, também recebeu Carolina Jabor e Lula Buarque de
Hollanda, diretores do filme,
que foi aplaudido de pé ao fim
da exibição gratuita.
Com medição do repórter da
Folha, Luiz Fernando Vianna,
os diretores e Marisa -que
aparece no filme cantando e
conversando com portelenses
históricos- falaram sobre as
filmagens, iniciadas em 1998,
quando a cantora começou sua
pesquisa com a Velha Guarda
da Portela, que acabou rendendo o disco "Tudo Azul" (1999).
"Desde aquela época, Carol e
Lula estavam presentes, registrando, porque a gente já tinha
a idéia de fazer um filme também", afirmou Marisa.
"Quando começamos a filmar, não tínhamos um roteiro.
Foram mais de 200 horas de
material bruto", disse Lula.
"Fizemos uma edição de 12
horas, depois uma de três, até
chegarmos ao corte final [88
minutos]. Muito material ficou
de fora, parte dele deve entrar
no DVD", disse Carolina Jabor.
"Buscamos o equilíbrio em
vários níveis, representando
todos os compositores, todos os
temas e ritmos", afirmou Marisa, sobre a edição.
Quando a platéia questionou
os convidados sobre o significado do título do filme, Marisa
Monte respondeu citando Paulinho da Viola, com quem ela
canta no documentário.
"Como o próprio Paulinho
diz no filme, o mais importante
não é explicar, é sentir. Esse título veio da vontade de deixar
em aberto. O filme tem quase
50 músicas, mas é só a ponta do
iceberg, ainda há muito trabalho a ser feito."
"Não quisemos fazer um filme muito biográfico, da instituição Portela. Queríamos
mostrar como os sambas brotavam deles, era mais interessante mostrar os sambistas do que
fazer uma explicação histórica", disse Carolina Jabor durante o evento.
"O Mistério do Samba" tem
estréia nos cinemas prevista
para o dia 29/8. Antes, Marisa
Monte faz shows com a Velha
Guarda da Portela para promover o filme. Em São Paulo, as
apresentações serão no Sesc Pinheiros, nos dias 26/8 e 27/8,
com ingressos já esgotados. No
dia 29/8, o show acontece no
Circo Voador, no Rio.
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