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Festival de curtas encara a política
Em sua 19ª edição, que começa amanhã em SP, evento discute "militância" e "engajamento" com mais de 400 filmes
Em programação de oito dias, festival terá exibições gratuitas de títulos nacionais e estrangeiros em 11 cinemas e salas de São Paulo
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Fazer encaixar mais de 400
títulos em oito dias de programação espalhada por 11 salas é
o desafio maior para o público a
partir de amanhã, quando começa o 19º Festival Internacional de Curtas-Metragens. Com
quase duas décadas de existência, o festival propõe nesta edição um olhar guiado pelo "ideal
de participação", segundo Zita
Carvalhosa, diretora do evento.
"Nosso ponto de partida foi a
noção de que política pode ser
interessante", diz Carvalhosa.
Sob o tema "Política Viva",
esta edição traz uma mostra de
trabalhos selecionados pelo
Submarino Amarelo, grupo de
jovens estudantes de cinema e
artes visuais que tentam atualizar termos como "engajamento" e "militância".
Em meio a intervenções, performances e debates alimentados por seus integrantes, serão
exibidos curtas assinados por
grandes nomes como Glauber
Rocha e Agnès Varda, filmes
militantes dos anos 80 e uma
raríssima oportunidade de conhecer "Vamos Falar de Brasil:
Carlos Marighella", feito clandestinamente pelo documentarista francês Chris Marker em
pleno obscurantismo da ditadura, no início dos anos 70.
A política como forma de estar no mundo também se estende à seleção de produções
premiadas nos principais festivais internacionais. "Por ser de
custo relativamente barato,
aberto à invenção e à experimentação, o curta é o formato
que oferece as respostas mais
rápidas a inquietações da atualidade", observa Carvalhosa.
É o que se pode constatar na
multipremiada seleção de filmes romenos programada para
esta edição. Sob um prisma alegórico, cotidiano ou de crônica
social, a política percorre os
três títulos que atestam a vitalidade do cinema feito hoje naquele país, cujos filmes refletem questões como a entrada
na União Européia ("Ondas"),
as impossibilidades da escolha
("Megatron") e a barbárie na
forma de violência juvenil
("Um Bom Dia para Nadar").
Os selecionados da América
Latina mantêm viva uma longa
tradição de cinema politizado,
agora ajustados aos dilemas do
presente, seja com o ocaso do
castrismo ("Maria e Osmey"), o
seqüestro de crianças pela
guerrilha ("Caçando Ratos") ou
a imigração para os EUA ("Café
Paraíso" e "Estrada do Norte").
Mas há também espaços na
programação para exercícios,
igualmente premiados, de
construção de retratos da vida
contemporânea, alguns de forma dura ("Danou-Se"), outros,
doce ("Na Linha"). Ou trabalhos em que a imagem funciona
como material poético explorado seja com distorções ("Tarde
de Verão"), de captação da luz
("Ouço Seu Grito"), de experimentações visuais ("Ah, Liberdade!") e de observações silenciosas ("Dez Elefantes").
E, como desde seus primórdios, o festival se preserva como a mais importante janela de
exibição da rica produção brasileira no formato. Além dos 55
títulos selecionados para a
"Mostra Brasil", a seleção incluiu um novo recorte na seção
"Panorama Paulista", com 26
trabalhos feitos no Estado.
19º FESTIVAL INTERNACIONAL
DE CURTAS-METRAGENS
Quando: de amanhã a 29/8
Onde: veja programação completa, salas de exibição e classificação indicativa em www.kinoforum.org/curtas
Quanto: entrada franca
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