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Ná Ozzetti canta Carmen Miranda
Em temporada que começa hoje no teatro Fecap, em SP, cantora inclui sucessos de Dorival Caymmi
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Vai ter Zequinha de Abreu
("Tico-Tico no Fubá"), Assis
Valente ("Camisa Listrada") e,
é claro, Dorival Caymmi. Nesta
semana e na próxima, no teatro
Fecap, a cantora Ná Ozzetti celebra o talento de uma de suas
intérpretes preferidas: Carmen
Miranda (1909-1955).
Embora seja vista mais como
uma intérprete ligada ao movimento dos anos 80 conhecido
como vanguarda paulistana,
Ozzetti sempre se interessou
pelos autores da "velha-guarda" da MPB.
"Quando comecei minha carreira, no grupo Rumo, em 1979,
o trabalho tinha duas vertentes", afirma. "Uma era a contemporânea, e a outra, chamada Rumo aos Antigos, pesquisava canções menos conhecidas
de autores como Noel Rosa, Lamartine Babo etc."
Pequena Notável
E foi rumando aos antigos
que Ozzetti se encantou com a
Pequena Notável. "Eu não a conhecia muito bem e fiquei tão
impressionada com a qualidade do canto que comecei a adquirir suas gravações. Hoje devo ter quase tudo o que ela fez."
Para Ozzetti, Miranda é uma
influência especialmente no
jeito de lidar com as canções.
"Ela realçava detalhes das
obras que passavam desapercebidos, tanto no aspecto musical
-como a divisão rítmica e a
acentuação-, quanto no aspecto coloquial. E tinha também
uma relação lúdica com a arte,
que aparecia por meio do seu
gestual", lembra. Não por acaso, o espetáculo leva o sugestivo
título de "Balangandãs".
Para recriar o clima dos arranjos originais de Miranda, ela
formou uma banda que tem o
violão de seu irmão, Dante Ozzetti, e ainda Mário Manga
(guitarra, violão tenor e violoncelo), Zé Alexandre Carvalho
(contrabaixo) e Sérgio Reze
(bateria e percussão).
Chegar às 18 músicas do espetáculo foi um trabalho difícil.
"Escutei tudo de novo e procurei colocar um pouco de cada
fase dela. Mas muita coisa significativa acabou ficando de fora", admite.
No caso do recém-falecido
Dorival Caymmi, por exemplo,
entrou "A Preta do Acarajé",
mas a emblemática "O que É
que A Baiana Tem" acabou excluída. "Eu simplesmente não
me via cantando aquilo", afirma Ozzetti.
Formado de itens como "Disseram que Voltei Americanizada" (Luiz Peixoto/Vicente Paiva), "Boneca de Piche" (Ary
Barroso/Luiz Iglesias), "Na Batucada da Vida" (Luiz Peixoto/
Ary Barroso), "Touradas em
Madri" e "Fon-Fon" (ambas de
Braguinha/Alberto Ribeiro) o
show traz, de qualquer forma,
alguns dos mais conhecidos
standards do repertório de Carmen Miranda.
NÁ OZZETTI
Quando: qui. a sáb., às 21h; dom., às
19h; até 31/8
Onde: teatro Fecap (av. Liberdade,
532, tel. 0/xx/11/3188-4149)
Quanto: R$ 30
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