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"Poema Sujo", de Ferreira Gullar, é último volume da "Coleção Folha"
Obra que marcou poesia do século 20 chega às bancas no próximo domingo
DA REPORTAGEM LOCAL
Escrito pelo poeta, escritor e
dramaturgo Ferreira Gullar
durante seu exílio na Argentina, "Poema Sujo" -último volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros"- é
considerado uma das principais composições poéticas do
último quartel do século 20.
A primeira notícia que se teve do longo poema foi por meio
de uma fita cassete que Vinicius de Moraes trouxe ao Brasil
em 1975. Segundo o compositor, ouvir os versos de Gullar
mexeu com ele "até a medula".
Vinicius -que dizia ter deixado de se interessar pela poesia por causa da impotência dos
poetas "para fecundá-la, para
manchá-la de sangue, suor e sêmen, para banhá-la de lágrimas
de amor, para cobri-la da saliva
grossa de beijos apaixonados"- compara a emoção causada pelo poema à da leitura de
Baudelaire, Rimbaud, Shakespeare e Keats.
"Poema Sujo" tem o mérito
de se libertar de alguns padrões
do fazer poético então em voga
e de devolver ao texto o fluxo da
vida. Isso, sem perder em habilidade técnica, invenção verbal
e poder de síntese.
Nascido em 1930 em São
Luís, Gullar alinhou-se ao movimento concretista, para depois romper com ele e lançar o
"Manifesto Neoconcreto". Foi
membro do Centro Popular de
Cultura (CPC) e um dos fundadores do grupo teatral Opinião.
Por causa da expatriação forçada pelo regime militar, "Poema Sujo" foi lançado sem a presença do autor, em 1976. Também escreveu "A Luta Corporal" e "Dentro da Noite Veloz".
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