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Televisão/Crítica
Grandeza orienta "Leopardo", de Visconti
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Há quem tenha talento para
a grandeza, há quem não tenha.
Os da primeira categoria sofrem quando confrontados a
um pequeno tema. Exemplo: o
Luchino Visconti de "Belíssima". Para que as coisas funcionem é preciso que a grandeza se
imponha, mesmo que num drama familiar ("Rocco e Seus Irmãos", digamos), ainda que numa produção modesta ("A Terra Treme").
Mas, quando chegamos a "O
Leopardo" (TC Cult, 22h; 12
anos) estamos no território
próprio de Visconti: a grandeza,
o painel histórico, os grandes
personagens. É tão grande que
não sei se foi feito para ver em
TV. Quem sabe uma dessas
neo-TVs finas, com imagem
apurada possa dar conta.
Estamos em 1860, momento
da unificação italiana. Momento em que a nobreza, essa do
príncipe Salina, terá que se
ajustar aos novos tempos, para
que os ventos não mudem tanto quanto poderiam mudar.
Visconti tem o senso da beleza, que está não apenas no castelo magnífico, nos salões fantásticos, mas sobretudo nas
pessoas, no príncipe (Burt Lancaster), em seu sobrinho (Alain
Delon), na filha do prefeito
(Claudia Cardinale).
É desse material que o italiano gostava: a beleza, a história,
a transformação, a permanência. Seu tipo de comunismo
nunca implicou transformar os
nobres em carroceiros. Antes,
preferia (e sabia) mostrar a nobreza de um carroceiro. É por aí
que se mostra, em certa medida, a Itália de "O Leopardo".
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