|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
25ª SÃO PAULO FASHION WEEK
Estilistas se agarram com os astros e os santos
Arsenal místico ajuda antes e depois do desfile
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Velas acesas no camarim,
orações, santos de devoção, cabala e mapa astral. Esse arsenal
místico é usado por estilistas
que, além de se preocuparem
com o casting de modelos e a
modelagem das roupas, tentam
se prevenir contra a uruca, o
vodu ou apenas reunir energia
positiva para os seus desfiles.
Há quem cheque com os astros o melhor horário para desfilar. Caso de Pedro Lourenço,
filho dos também espiritualizados Gloria Coelho e Reinaldo
Lourenço. "Chequei astrologicamente se o horário do meu
show era bom e vi que estava
tudo certo", diz Pedro, que
também estuda cabala. "Meus
pais me passaram espiritualidade. Mas a fé é minha. Se não
tivesse a ver comigo, não faria
isso." Pedro gosta tanto de astrologia, que fez o mapa de Coco Chanel. Descobriu que 1910
foi um ano bom para ela.
A questão do horário é importante para muitos estilistas.
Fause Haten prefere desfilar
perto do meio-dia, por causa do
sol. André Lima não abre mão
do sábado à noite. "Acho que é
um dia bom, as pessoas estão
animadas, têm uma boa energia", diz. Os organizadores já
sabem da predileção de André,
que nem precisa implorar pela
data. Nessa edição, o último
desfile do sábado seria dele.
André já chegou a extremos.
"Já mandei defumar o camarim, trouxe imagem de santo e
de um índio que eu tenho em
casa e deixei no camarim. Agora só faço meus rituais em casa
no dia dos desfiles." Em dia de
show, ele faz uma oração quando acorda e, depois, reúne alguns amigos. "Os desfiles são
importantes para a gente porque encerram um ciclo", diz.
O estilista J. Pig, da equipe da
Cavalera, aprendeu com André.
"Sempre deixo uma vela acesa
no camarim. Se você não acredita, pode ir lá", convida.
Há quem invente a própria
crença, como Marcelo Sommer, da grife Do Estilista. "Faço
eu mesmo uma numerologia.
Pego o dia do mês, o ano, a hora,
somo tudo e vou dividindo por
dois para ver se dá um número
de que eu goste", diz. O estilista
é devoto de Santo Expedito e,
além de ter tatuado o santo nas
costas, não sai de casa sem uma
imagem no bolso. "Olha aqui", e
mostra um santinho prateado.
Tufi Duek, judeu praticante,
conta que reza "para ter saúde e
poder trabalhar". E, após os
desfiles, vai à sinagoga agradecer por ter acabado o trabalho.
Até familiares se envolvem.
"Sempre que desfilo minha
mãe acende vela. Nem preciso
pedir, mãe sabe onde tem uruca
pesada", diz J. Pig, usando
aquela que é uma das palavras
mais usadas (e temidas) na espiritualidade fashion.
Texto Anterior: 25ª São Paulo Fashion Week: Microbiquínis voltam com tudo no verão de 2009 Próximo Texto: Frases Índice
|