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NA REDE
Conspiração
Versões extra-oficiais ou pura piração, teorias conspiratória s que se propagam pela internet ganham guia de sites, lançado nos EUA
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Jim Morrison não morreu,
Marilyn Monroe foi vítima de
queima de arquivo, e Shakespeare mal sabia escrever. As
fontes oficiais negaram espaço
à propagação de versões como
essas, mas elas acabaram encontrando lugar, décadas ou
mesmo séculos depois, na web.
A rede mundial virou um ambiente tão propício às teorias da
conspiração que, recentemente, dois jornalistas americanos
resolveram lançar nos EUA um
guia de sites com essas "verdades alternativas".
"Web of Conspiracy" (rede
de conspiração) faz uma seleção das melhores páginas para
entender 21 teorias, das mais
disseminadas, como as que
vêem no 11 de Setembro uma
armação do governo Bush, a
outras que vão fundo no nonsense -caso do chamado Experimento Filadélfia, segundo o
qual a marinha dos EUA teve
êxito, durante a Segunda Guerra, em teletransportar um navio no tempo e no espaço.
O dado curioso é que James
F. Broderick e Darren W.
Miller, os autores, resolveram
se aventurar pelo duvidoso
mundo da conspiração on-line
justamente após concluírem,
em 2007, um guia crítico de
cem sites relevantes de notícias, "Consider the Source" (leve a fonte em consideração).
"Pesquisando para o outro livro, nós nos deparamos com sites realmente interessantes de
teorias conspiratórias. Percebemos que muitas pessoas que
têm credibilidade, como historiadores, cientistas e ex-militares, revelaram evidências sobre
certos casos que fazem pensar
nos detalhes que as histórias
oficiais não explicam", afirma
Miller, à Folha, por telefone,
de Georgia, nos EUA.
Deixadas de lado "páginas
criadas desordenadamente por
garotos de 13 anos", os autores
centraram esforços em teses
defendidas por gente como
Brenda James, co-autora de
"The Truth Will Out: Unmasking the Real Shakespeare" (a
verdade vem à tona: desmarcarando o verdadeiro Shakespeare, 2005), que criou um site para sustentar a idéia de que saíram da pena do escritor Henry
Neville (1564-1615) todas as
peças e os sonetos assinados
pelo bardo inglês (1564-1616).
O livro lista dez endereços
com outras opções de "verdadeiros autores" de obras como
"Hamlet" e "Rei Lear". A teoria
é uma das mais antigas cobertas no livro -os primeiros
questionamentos em relação à
autoria das obras de Shakespeare datam do século 18.
"Muitas evidências sugerem
que ele não teria a habilidade,
ou a educação, ou a familiaridade com o inglês aristocrático
para escrever o que escreveu",
diz Miller, admitindo ser esta
uma das teses que o fizeram
"repensar a versão oficial".
"Mas nossas conclusões não
entram no livro", esclarece
-embora, vez por outra, o guia
deixe escapar crenças pós-mergulhos conspiratórios.
11/9 como marco
A internet ajudou a propagar
idéias surgidas em décadas passadas, como a de que o suicídio
de Marilyn Monroe (1926-62)
foi forjado para que seu relacionamento com os irmãos John e
Bob Kennedy não os prejudicasse politicamente, e a de que
Jim Morrison (1943-71), vocalista do The Doors, foi assassinado ou que ainda esteja vivo
-qualquer hipótese mais emocionante que um ataque cardíaco na banheira aos 27 anos.
Mas, para Miller, as "primeiras teorias da conspiração moderna" são as que envolvem o 11
de Setembro, justamente por
terem sido as primeiras a tirar
"vantagem imediata" da rede.
"No assassinato de JFK, por
exemplo, ninguém teve a possibilidade de ir para casa depois
do que aconteceu e começar a
postar o que viu. No 11 de Setembro, as teorias e os vídeos se
espalharam como fogo violento. Tudo foi imediato, e havia
todo tipo de informação na internet, tanto acurada quanto
especulações insanas."
As insanidades fazem Miller
destacar o perigo da net como
terreno pródigo em versões extra-oficiais. "Mas, por outro lado, quanto mais informada,
mais uma pessoa pode diferenciar o certo do errado", avalia.
WEB OF CONSPIRACY: A GUIDE
TO CONSPIRACY THEORY SITES
ON THE INTERNET
Autores: James F. Broderick e Darren
W. Miller
Editora: CyberAge Books
Quanto: US$ 13,60 (cerca de R$ 22,
mais taxas, em www.amazon.com)
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