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Escritor cria "monumento" aos filhos de Itararé
Personagem de Belmonte homenageado em "Entre sem Bater", de Pimentel
DA REPORTAGEM LOCAL
Alheio às discussões sobre o
que é caricatura, o que interessa
ao escritor e humorista Luís Pimentel é exigir das autoridades "a
criação de um monumento ao
humorista desconhecido".
Seu "Entre sem Bater! O Humor
na Imprensa Brasileira", que a
Ediouro acaba de colocar nas livrarias, deixa de lado o rigor de
uma pesquisa histórica para levar
o leitor a uma viagem no tempo
pela história do humor nas páginas das publicações do país.
Apesar da menção aos pioneiros da arte do lápis, mais de século
e meio atrás, é em Aparicio Torelly, o Barão de Itararé, um humorista de texto, que o escritor foca grande parte de sua atenção.
Fundador do jornal "A Manha"
(1926), uma das principais vozes
críticas ao Estado Novo, é do barão a frase que dá nome ao livro
de Pimentel. Preso diversas vezes
pela ditadura de Vargas, o insistente humorista resolveu afixar à
porta da redação do jornal a advertência: "Entre sem Bater!".
"O Barão de Itararé foi uma das
principais influências de todos os
humoristas que começaram a escrever depois dele", justifica.
Escoladas na resistência do barão, publicações posteriores que
carregavam nas tintas políticas
também têm destaque na obra.
Lançado em 1969 e submetido à
pressão constante da censura militar, na época, "O Pasquim" foi
uma das mais duradouras iniciativas da história do humor brasileiro, circulando, ainda que um
pouco mal das pernas, até 1992.
Dez anos depois, o mesmo Ziraldo lançaria seu "O Pasquim
21", assim descrito por Pimentel:
"Os anunciantes não cumpriram
o prometido, e o jornal chegou ao
primeiro trimestre de 2004, data
em que este capítulo foi redigido,
com tiragem e resultados de bancas abaixo dos previstos e necessários. Mas sobrevivendo".
Por ironia sem graça do destino,
a publicação chegou às bancas pela última vez ontem, na forma de
um terceiro e último almanaque,
recuperando os melhores momentos de "O Pasquim 21".
"Hoje, com a liberdade que temos, os jornais podem publicar
de tudo. Fechou-se esse nicho de
mercado", revê agora Pimentel.
Será culpa da abertura política?
"As publicações de humor perderam um pouco de seu charme
com a democracia. Mas é muito
melhor viver assim do que viver
de glamour levando porrada."
"As grandes revistas de humor
no mundo estão acabando. A
"Punch" morreu, a "Mad" é coisa
ultrapassada, a "New Yorker" está
mudando a linguagem. Talvez o
público esteja menos a fim disso
hoje", afirma Ziraldo. "O curioso
é "O Pasquim" sair do ar justamente quando a censura está tentando
voltar. Nós não somos covardes."
(DA)
ENTRE SEM BATER! O HUMOR NA
IMPRENSA BRASILEIRA. Autor: Luís
Pimentel. Lançamento: Ediouro. Quanto:
R$ 32,90 (112 págs.).
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