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"Sou mais músico do que poeta", afirma Augusto de Campos
Na Balada Literária, autor renega rótulo de "concreto" e canta com a banda do filho
MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
"Muito obrigado, mas eu
não estou com essa bola toda", riu o poeta Augusto de
Campos, após ouvir extensos
elogios na Balada Literária.
O escritor foi tema de uma
mesa na tarde de anteontem
na biblioteca Alceu Amoroso
Lima. Campos, que completa
80 anos em 2011, será o homenageado da próxima edição da Balada.
Os que lotaram o auditório
do biblioteca encontraram,
em vez do mítico criador da
poesia concreta, um artista
modesto e pouco saudosista.
"A gente tenta fazer o que
pode. Sou apenas um pequeno poeta do "ouver'", disse,
numa brincadeira com as palavras "ouvir" e "ver" bem típica do concretismo.
Campos lançou o movimento concreto em 1956, ao
lado do irmão Haroldo (1929-2003) e de Décio Pignatari.
Eles propunham uma poesia
basicamente visual, na qual
o espaço, seja de uma página
de livro, seja de outro suporte, criasse o efeito poético.
Celebrado por seu passado, Campos, no entanto, não
quer ficar preso a rótulos.
"Não sou poeta concreto,
sou poeta. Os rótulos são importantes até certo ponto, depois viram um peso."
"Hoje já não sei o que sou
mais. Talvez seja mais designer ou mais músico do que
poeta. Talvez nem fosse poeta se soubesse tocar saxofone", completou.
Após a palestra, o poeta dividiu o palco com a banda de
rock do filho, Cid.
Com bastante desenvoltura para um senhor de quase
80 anos, ele interpretou alguns de seus versos musicados pelo filho.
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