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DIRETOR
Vitória de Scorsese celebrará elo entre tradição e atualidade
Divulgação
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Leonardo DiCaprio (esq.) em "Gangues de Nova York", de Scorsese |
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Será bom para o cinema se
Martin Scorsese ganhar. O
Oscar tem uma dívida com ele,
que já poderia ter levado sua estatueta há mais de 20 anos, com
"Taxi Driver", ou com "Touro Indomável", em tempo de mostrá-lo aos pais. O Oscar é como um brilhante boletim de escola, coisa
para mostrar aos pais.
Mas seria bom para o cinema
também. Martin representa hoje
o mais profundo elo entre a melhor tradição do filme americano
(que ele conhece de baixo pra cima) e a atualidade.
É com isso que se joga em "Gangues de Nova York", que ora parece um faroeste feito no Leste,
ora se dedica a um duelo de interesse variável (graças, provavelmente, aos cortes a que o foi submetido), mas ostenta sempre
uma ambição desmedida e grandeza à altura da ambição.
"Gangues de Nova York" convoca a história sem perder o sentido do espetáculo. Nem o do presente. De maneira que, embora
também invulgar, as dimensões
do trabalho de Pedro Almodóvar
perto dele parecem quase acanhadas.
E que dizer do Polanski de "O
Pianista"? A primeira metade do
filme é dedicada à exposição torpe (ou seja, sem imaginação) de
atrocidades e nada mais. Dar o
prêmio a Stephen Daldry, que filma a parte de Virginia Woolf com
respeito acadêmico (e reduz sua
dor ao mero pernóstico do gênero
"artistas são gente esquisita") e
trata a parte de Julianne Moore
como telefilme? Não dá.
Resta Rob Marshall, de "Chicago", com trabalho honesto e não
sem talento, mas que estampa a
adaptação teatral quase a cada cena. Nesse grupo, Scorsese se destaca, de longe.
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