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ATRIZ
Candidatura de Kidman é uma das barbadas do ano
Divulgação
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Nicole Kidman interpreta Virginia Woolf, no drama "As Horas" |
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
Quem (não) tem medo de
Virginia Woolf? Nicole Kidman, certamente, tinha.
O diretor Stephen Daldry teve
que moer muito tempo na tentativa de convencer a atriz a interpretar Woolf em "As Horas". Kidman sabia que fazer um papel
desses costuma ser tarefa das
mais ingratas. Afinal, encarnar
um monstro sagrado da literatura
universal não parece apenas uma
pretensão desmedida; é, antes de
tudo, uma impossibilidade.
Cobrar de Kidman que convença na pele de Woolf chega a ser,
portanto, meio ridículo. Seria preciso cobrar, no máximo, uma
atuação que não fosse cabotina. O
primeiro mérito de sua atuação
em "As Horas" é, aliás, não resvalar no cabotinismo.
Kidman não é o porém de "As
Horas". Num filme de muitas estrelas e inúmeros poréns, ela, que
nunca foi uma grande atriz, safa-se pela modéstia. Ela não tenta reproduzir os tiques de Woolf, como fazem nove entre dez atores
que interpretam grandes escritores. Ela não tenta nem ao menos
interpretar Woolf. Kidman faz
simplesmente um trabalho eficaz
de contenção e concentração.
O fato de essa atuação coroar
uma carreira que vem traçando,
depois de uma difícil separação
conjugal, sua verdadeira curva ascendente em Hollywood, torna
sua candidatura à estatueta de
melhor atriz uma das barbadas do
Oscar deste ano. Suas maiores
concorrentes parecem ser Renée
Zellwegger ("Chicago") e Julianne
Moore (um talento genuíno)
-esta compete pelo ainda inédito "Longe do Paraíso". Salma Hayek ("Frida") e Diane Lane ("Infidelidade", mais uma pilantragem
do diretor Adrian Lyne) são os
azarões da noite.
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