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FÓRUM DAS CULTURAS
Mostra em Barcelona traz, em 180 trabalhos, a forma como a raça humana representou a si mesma
Exposição revela a história do homem pelo homem
IVAN PADILLA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE BARCELONA
A arte é um espelho do ser humano. Ao longo dos séculos, o homem representou sua própria
imagem em pinturas, esculturas,
máscaras, miniaturas, fotografias... A forma varia de acordo
com a época e a civilização. A
mostra "A Condição Humana",
parte da programação do Fórum
das Culturas de Barcelona, reúne
180 obras antropomórficas de diversos períodos históricos.
"Tentamos fugir do eurocentrismo e expor pontos de vista diversos, sem nenhum julgamento,
deixando que a arte fale pelos povos", afirmou o comissário Pedro
Azara, professor de estética da Escola de Arquitetura de Barcelona,
na inauguração da exposição,
aberta ao público até o final do
evento, no dia 26 de setembro.
As peças vão de simples retratos
a figuras mitológicas, das mais
realistas às mais fantasiosas, e
pertencem a cerca de 80 museus e
coleções particulares do mundo
inteiro. Até conseguir reunir o
acervo, os organizadores solicitaram cerca de 2.000 obras, durante
dois anos. A mostra está instalada
no Museu de História da Cidade,
no bairro gótico de Barcelona, e se
divide em quatro grandes temas.
A maior parte das peças fica na
ala "O Homem, Centro do Mundo", um olhar sobre a figura humana como parte de um macrocosmo. Na tentativa de identificar
sua comunidade e se localizar no
mundo, o homem sempre se
preocupou em registrar o nascimento, a vida e a morte através de
representações cotidianas.
Esculturas etruscas do século 5
a.C., desenhos iranianos em papel
do século 17 e estatuetas incas
simbolizam o amor filial. Quadros de pintores consagrados, como "Dona no Café", de Henri
Toulouse-Lautrec, de 1886, e
"Dois Banhistas", de Joan Miró,
de 1936, lançam um olhar mais
contemporâneo ao dia-a-dia.
Uma série de fotos em preto-e-branco de pessoas anônimas, cada uma de uma idade, de um bebê
de oito semanas a uma senhora de
cem anos, sintetiza o ciclo da vida.
"A Natureza" aborda a relação
entre o homem e o ambiente.
Imagens híbridas, nas quais se
misturam traços humanos e de
animais, carregam diferentes significados de acordo com cada período. Na Antigüidade, a fusão de
traços remetia ao divino. Com o
tempo, passou a ser associada à
barbárie. Nas artes moderna e
contemporânea, representa um
mundo de fantasia.
Nessa ala está a peça mais antiga
da exposição. Trata-se de uma
placa de pedra com uma figura
humana esculpida no centro chamada "Feiticeiro", de mais de 15
mil anos. Foi encontrada em uma
caverna em Vienne, na França.
Ao lado, encontra-se uma estátua
de centauro em mármore branco
do século 2, de propriedade do
Museu do Vaticano.
"O Sobrenatural" reúne obras
que simbolizam o culto aos mortos, ídolos e ícones. Entre os destaques, estão uma ala de guardiões de tumbas da dinastia chinesa Han, uma máscara nigeriana
de argila queimada do século 5
a.C. e uma máscara de cerâmica
nepalesa de Bharaiva do século 16.
"A Vida Artificial" é uma tentativa de mostrar imagens dos seres
criados pelo homem através de
obras de Picabia, Man Ray e De
Chirico. Representa a época da industrialização e mecanização da
vida. De acordo com o comissário
Pedro Azara, essas peças remetem a uma "antiga aspiração do
ser humano em adquirir o dom
divino da criação".
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