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MÚSICA ERUDITA
Baixo-barítono José van Dam começa amanhã temporada no Mozarteum, em SP, com melodias francesas
Belga aposta no intimismo em recital
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O baixo-barítono belga José van
Dam, 63, abre amanhã a temporada do Mozarteum Brasileiro. Serão duas récitas na Sala São Paulo,
basicamente construídas por canções francesas (Duparc, Ravel,
Debussy) e árias de Mozart, Berlioz, Gounod e Bizet.
Van Dam estará acompanhado
pelo pianista polonês Maciej Pikulski, que já se apresentou com
ele em São Paulo em 1999 e 2001.
Leia abaixo trechos da entrevista do cantor.
Folha - Há três anos, o sr. interpretou por aqui um belíssimo
"Dichterliebe", de Schumann. Por
que não escolheu agora outro ciclo
de lieder [canções germânicas]?
José van Dam - Pediram-me desta vez para fazer bem mais melodias francesas e também algumas
árias de ópera. Tenho planos de
numa próxima oportunidade
cantar o "Wintereise", de Schubert. Eu o fiz há alguns anos em
Buenos Aires e é um ciclo de canções de que gosto bastante.
Folha - Os que o conhecem só pela
discografia o ouviram sobretudo
em óperas de Mozart e Wagner. Como está sua relação com a ópera?
Van Dam - São relações constantes. Depois de minha turnê latino-americana, eu estarei em Zurique
(Suíça), no papel de Hans Sachs,
de "Os Mestres Cantores de Nuremberg", de Wagner.
Folha - Os críticos o consideram
um bom ator. Não o frustra se apresentar em recital solo com acompanhamento de piano?
Van Dam - O recital de melodia é
mais íntimo, mais interiorizado,
mais discreto. Eu normalmente
gesticulo pouco nessas ocasiões.
Concentro-me mais na música.
Na ópera o espetáculo é outro.
Folha - O sr. recentemente gravou melodias populares francesas.
Há algum CD a caminho?
Van Dam - Depois de "Chansons
de Toujours" (Canções de Sempre), meu plano é gravar árias
com temas de Natal. Estou com a
agenda carregada para tranqüilamente passar alguns dias em estúdio. Quero também gravar mais
uma vez o "Wintereise".
Folha - Como evoluiu sua voz com
os anos? O sr. se sente mais à vontade com notas mais graves?
Van Dam - Em verdade minha
voz amadureceu como um elástico que cresce pelas duas pontas.
Consigo mais confortavelmente
cantar notas mais agudas e também mais graves. De início meu
repertório era o de baixo. Cantei
bem depois o Holandês ("A Nau
Fantasma", de Wagner) e o Barão
Scarpia ("Tosca", de Puccini), que
são papéis de barítono.
Folha - A recente ampliação da
União Européia será boa ou ruim
para a música?
Van Dam - Creio que haverá apenas vantagens. Jovens cantores
dos países do Leste Europeu poderão se apresentar sem maiores
entraves na França ou Alemanha.
Poderemos conhecê-los melhor.
JOSÉ VAN DAM E MACIEJ PIKULSKI.
Quando: amanhã e terça, às 21h. Onde:
Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš,
centro, tel. 0/xx/11/3337-5414). Quanto:
de R$ 50 a R$ 180. Patrocinadores:
Siemens, Votorantim e Santista Têxtil.
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