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Comentário/erudito
Nelson Freire e solistas estrangeiros se destacam no Festival de Campos
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO
Foi à saída da capela do
palácio Boa Vista, em
Campos do Jordão, na
última sexta-feira. Uma jovem
aluna-bolsista comentou, ensimesmada: "Como eu gostaria
de ter estudado com ele desde
pequena".
Ela se referia ao violista de
origem israelense Atar Arad,
que hoje leciona em cinco festivais ou universidades americanas. Integrou por sete anos o
Cleveland Quartet. E acabava
de interpretar sua "Sonata para
Viola Solo", escrita com temas
árabes, israelenses e búlgaros.
O 39º Festival Internacional
de Inverno de Campos do Jordão traz tantos nomes conhecidos que o público freqüentemente se esquece de que, entre
os professores convidados, há
extraordinários solistas.
No mesmo concerto, o violinista holandês Kees Hülsmann
não deixou as pessoas de res-
piração presa apenas pela sonoridade excepcional de seu
Stradivarius.
O músico foi um dos solistas
da "Sonata a Kreutzer", com a
fidelidade de quem a interpretasse em sua estréia, em 1802,
com o compositor, o próprio
Beethoven, ao piano.
Outro susto, por assim dizer,
aconteceu no sábado, com o
pianista holandês John Snijders e o clarinetista britânico
Michael Collins, em programa
cujo destaque foi a "Sonata" para os dois instrumentos do
francês Francis Poulenc.
Eles ensaiaram por apenas
quatro dias. No entanto, transmitiram um refinamento técnico como se fosse a principal
peça de um repertório há anos
interpretado.
Collins tem 21 CDs gravados,
com peças de Copland, Bartok e
Mozart. Snijders é especialista
em música contemporânea e
tem gravações, entre outros, do
americano John Cage.
Beethoven por Freire
O sábado também teve o pianista Nelson Freire. A "Sonata
alla Turca", de Mozart, é relativamente simples. Ele deu a ela
profundidade, como se trouxesse um recado em cada movimento. A "Sonata nº 31", de
Beethoven, é complicadíssima,
mas foi como se o pianista brasileiro descomprimisse seus
fraseados, trazendo-a a uma incrível transparência.
A Orquestra Acadêmica, formada pelos melhores dos 150
bolsistas, fez sua primeira apresentação na sexta-feira, regida
por Ronald Zollman, com leituras maduras de Prokofiev e
Chostakovich. Estreou ainda
"Olhos de Capitu", de João Guilherme Ripper, compositor-residente do festival, com narração de Fernando Portari e a voz
da soprano Rosana Lamosa.
O jornalista JOÃO BATISTA NATALI foi hospedado pela produção do festival
ORQUESTRA
TOCA NA SALA
SÃO PAULO
Com regência de Kurt
Masur, a Orquestra Acadêmica encerra o festival, às 17h, no domingo.
O concerto ocorre na
Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/
xx/11/3223-3966; ingressos esgotados).
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