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Enterro de Dercy Gonçalves reúne de fãs a sambistas da Viradouro
Cemitério em Madalena, no Rio, recebeu cerca de 5 mil pessoas
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA MADALENA (RJ)
Com o caixão posto em pé
dentro da sepultura, o corpo da
atriz e comediante Dercy Gonçalves foi enterrado ontem à
tarde, em meio a muita confusão, no cemitério de sua cidade
natal, Santa Maria Madalena, a
230 km do Rio, na região noroeste do Estado.
Na avaliação da Defesa Civil
do município, havia no cemitério cerca de 5.000 pessoas, que,
espremidas umas contra as outras, se emocionaram com a
despedida da artista, morta no
sábado, no Rio, aos 101 anos, de
complicações decorrentes de
pneumonia.
O velório no Clube Montanhês, iniciado anteontem, e o
sepultamento pararam Santa
Maria Madalena. A cidade lotou com delegações de fãs de
municípios da região, como
Trajano de Morais e São Sebastião do Alto, e outros mais afastados, como Macaé e Campos.
Dercy foi enterrada no mausoléu em forma de pirâmide de
vidro que mandara construir
em 1991. Como desejava, o caixão não foi colocado na posição
horizontal, como é costumeiro.
A sepultura tem 2,40 m de fundura, para que o caixão pudesse
ficar em sentido vertical. Dercy
sempre dizia que gostaria de
ser enterrada de pé, para, de alguma forma, acompanhar o
crescimento da cidade que tanto amava. Afirmava ela que,
deitada, não conseguiria ver
nada depois de morta.
As despedidas e homenagens
a Dercy começaram cedo em
Madalena, como a cidade é conhecida no Rio. Às 6h, a banda
da cidade realizou uma alvorada festiva em homenagem à
atriz e também à padroeira do
município. Também chegaram
à cidade ritmistas, passistas e
cantores da Velha Guarda da
escola de samba Unidos do Viradouro, de Niterói.
O grupo interpretou, ao lado
do caixão, o samba-enredo
"Bravo Bravíssimo" da Viradouro, cujo desfile de 1991 foi
marcado pela imagem de
Dercy, aos 84 anos, com os
seios de fora.
Não havia artistas no cemitério. Da família de Dercy, só
compareceram ao sepultamento a filha única, Decimar Senra,
73, e a bisneta Melissa, 31.
Entre os presentes no enterro estava Paola Domingos, 12, a
Dercyzinha, vencedora no ano
passado, em Madalena, do concurso de melhor imitadora de
Dercy. Vitoriosa, passou a imitar a artista, vestindo roupas
idênticas às usadas por ela,
além de peruca e bengala. Até
nas entrevistas Dercyzinha
evoca Dercy, pois responde
sempre com palavrões pesados
e impropérios.
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