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EVENTO
Professor americano participa do 2º Encontro Internacional de Televisão, em dezembro, em São Paulo e no Rio
TV será como loja de discos, diz crítico
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
A era da audiência em massa na
televisão está chegando ao fim.
Em um futuro não tão distante, só
grandes eventos como jogos de
futebol, eleições, desastres é que
terão as grandes audiências a que
a TV está acostumada. O diagnóstico é do norte-americano Horace
Newcomb, 61, professor de comunicação da Universidade do Texas
(EUA), crítico de TV e diretor do
George Foster Peabody Award,
que premia programas de TV, rádio e outras produções.
Um dos participantes do 2º Encontro Internacional de Televisão
-que acontece em dezembro em
São Paulo (dias 2 e 3) e no Rio
(dias 4 e 5), no Centro Cultural
Banco do Brasil-, Newcomb vê a
TV do futuro como uma espécie
de livraria ou loja de discos, onde
cada um escolhe o que lhe agrada.
"Com o aumento cada vez
maior do número de canais, mais
pessoas terão acesso a mais escolhas. A televisão não será "uma só
coisa" a que as pessoas assistem ao
mesmo tempo. As audiências serão menores, porque haverá muito mais opções segmentadas",
disse à Folha Newcomb, autor do
livro "TV: The Most Popular Art"
(TV: A Arte Mais Popular) e editor da "Enciclopédia da Televisão", inéditos no Brasil.
Newcomb pretende tratar dessa
segmentação no seminário, onde
vai participar de um debate intitulado "O que É Televisão?", com a
professora da ECA-USP e crítica
de TV da Folha Esther Hamburger. Para Newcomb, ainda há
muito a ser descoberto sobre a televisão.
Essa segmentação da programação, fruto talvez de uma maior
regionalização do conteúdo da
TV, aliada a produções independentes, será um dos principais temas em discussão no encontro.
"É normal ter dois canais grandes disputando audiência em um
certo horário. O que é estranho é
haver redes menores tentando copiá-los e com isso alcançar um ou
dois pontos de audiência. Seria
melhor ter programas segmentados, que possam parecer estranhos até, mas que atingiriam um
público específico. É isso que pretendemos discutir", afirma Newton Cannito, presidente do Instituto de Estudos da Televisão, que
organiza o encontro. "Ter 40 pontos no Ibope não é o único indicador de sucesso."
Horace Newcomb admite ser
difícil definir o que é bom na televisão. "Programas de sucesso entre telespectadores muitas vezes
não estão entre os preferidos das
"outras pessoas". Quem decide o
que é bom?", diz. Na sua opinião,
entre os programas de qualidade
atualmente estão séries como
"Família Soprano" e "E.R." (ambas exibidas no Brasil, na TV paga). E no futuro da TV previsto
por ele com certeza não vão faltar
"realitiy shows".
"É mais barato para produzir,
cria uma certa "interatividade"
com a audiência. Apesar de a TV
já estar saturada desse formato,
ele veio para ficar."
Informações sobre o 2º Encontro Internacional de TV podem
ser obtidas no site www.encontro.tv.
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