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TEATRO
Fórmula, em cartaz em peças espalhadas pela cidade, exige concentração e cria dramaturgia e encenação
Espetáculos levam platéia para passear por casas antigas
SERGIO SALVIA COELHO
CRÍTICO DA FOLHA
Em vez de esperar sentado na
platéia, o público acompanha
os atores pelo espaço. Marca registrada do Teatro da Vertigem,
se espalham pela cidade espetáculos com essa fórmula. No entanto,
sua simples aplicação não garante
a qualidade da montagem.
Por se expor à pouca distância e
pela narrativa fragmentada, um
grande esforço de concentração e
sutileza é exigido do ator. A seu
serviço, criam-se dramaturgia e
encenação.
Nessa linha, "Cacos de Vidro no
Jardim Molhado" expõe uma dor
intensa, que se adivinha saída de
improvisos dos atores da cia. 3x4.
José Manuel Lázaro alinhavou
não só as memórias pessoais do
elenco, o que poderia cair no narcisismo, mas pequenos retratos
(3x4?) de pessoas erráticas: assassinos, fracassados, humilhados.
Dos precários recursos se tira o
máximo, sobretudo pela madura
direção de Miriam Rinaldi. Despretensioso, o espetáculo envolve.
Infelizmente, o mesmo não
acontece com "A Casa de Bernarda Alba", na direção de Dionísio
Neto. O difícil texto serve de base
para algumas experiências cênicas, algumas com êxito, outras
equivocadas. O texto quase todo é
gritado, atropelando sutilezas e
desautorizando a matriarca Bernarda, que não mostra impor respeito sobre as filhas.
As atrizes se esforçam, mas não
saem da sombra da encenação. O
espetáculo resulta então opaco,
quase amador. Seja qual for o tipo
de encenação -convencional ou
alternativa-, o teatro é antes de
tudo a arte do ator.
Cacos de Vidro no Jardim
Molhado
Onde: Casa nš 1 (r. Roberto Simonsen,
136, Sé, tel. 0/xx/11/3241-3132)
Quando: hoje, às 20h (último dia)
Quanto: R$ 12
A Casa de Bernarda Alba
Onde: Casa das Caldeiras - Casa do
Eletricista (av. Francisco Matarazzo,
2.000, Água Branca, tel. 0/xx/11/3873-6696)
Quando: sáb., às 21h, e dom., às 18h e às
20h30; até 21/12
Quanto: R$ 20
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