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Em "Faking", leigos viram profissionais
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
Há quem passe anos estudando,
fazendo caros cursos de culinária
e dando duro em cozinhas de restaurantes até conseguir o cobiçado e refinado posto de chef. Mas o
inglês Ed Devlin não precisou de
nada disso. Em apenas quatro semanas, ele passou de um simples
"fritador" de hambúrguer em
uma barraca no interior da Inglaterra para chef de cozinha. Criou
pratos e comandou jantares complexos, conseguindo enganar três
renomados críticos de culinária.
Ed foi um dos participantes de
"Faking It" (Fingindo), premiado
"reality show" inglês, do Channel
4, exibido no Brasil pelo canal pago GNT, de seg. a qui., às 23h20.
Batizado aqui de "Tudo É Possível" (nem tudo, é a conclusão a
que se chega depois de alguns episódios), o programa pega pessoas
comuns e tenta transformá-las
em algo bem distante do que são
ou fazem: um advogado em um
cantor de rap, um ex-oficial da
Marinha em uma drag queen, um
vigário em um vendedor de carros usados. Tudo em um mês.
Diferente dos "reality shows"
tradicionais, em que anônimos
têm suas vidas acompanhadas pelo público por meses e disputam
prêmio em dinheiro, "Faking It" é
exibido em forma de documentário, em um episódio de uma hora.
E a única recompensa é conseguir
enganar os juízes na prova final:
ao fim das quatro semanas, o participante é inscrito em um concurso, com profissionais de verdade. Além de tentar vencê-los,
não pode deixar que os juízes descubram que é ele o farsante.
A "cobaia" passa as quatro semanas sendo orientada por especialistas, tem de aprender a atividade e até passa a morar com um
deles. Mas, apesar de todos se esforçarem por um objetivo comum, a convivência nem sempre
é das melhores.
Brigas, broncas e conflitos de
ego são corriqueiros. David Keith,
um operador de raio-X que estava
aprendendo a fotografar editoriais de moda, chegou a chorar
em uma conversa com seu mentor, um renomado fotógrafo inglês (o episódio vai ao ar na terça).
Na maioria das vezes, tudo é esquecido na prova final, quando os
mentores acompanham, nervosos, o desempenho do pupilo.
Mas nem sempre é assim. No episódio de quarta, Phil Deane, um
testador de videogames que tenta
se transformar em piloto de corridas, irrita tanto seus mentores
que eles torcem por seu fracasso.
Além dos aspectos técnicos da
nova atividade, os participantes
têm de aprender um novo estilo
de vida. Stuart Matheson, um web
designer que passava o dia em um
escritório e tentou virar um surfista, teve bem mais do que aulas
de surfe. Tingiu os cabelos e ganhou um novo corte, fez bronzeamento artificial, aprendeu gírias e
teve aulas de teatro para aprender
a andar, falar e agir como um legítimo surfista. O resultado pode
ser visto amanhã.
Com o sucesso do "reality
show", os EUA criaram a sua versão do "Faking It", no canal TLC.
Transformaram o líder de um
clube de bebedores de cerveja em
um sommelier, um carpinteiro
em decorador... A GNT negocia a
compra dos episódios americanos. Resta saber quando irão inventar um "Faking It" brasileiro.
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