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MÍDIA
Enquanto lei que determina cota para programas locais segue para o Senado, TVs procuram valorizar suas afiliadas
Globo e SBT começam a investir em regionalização
LAURA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL A PORTO DE GALINHAS
Dois eventos -um da Globo e
outro do SBT- realizados na última semana comprovam: mesmo antes de se tornar obrigatório
por lei, o investimento em programação regional já está entre as
prioridades das duas redes.
O projeto de lei que determina
cotas horárias para a exibição de
programas locais nas TVs foi
aprovado na Câmara no último
dia 13. Dois dias depois, cerca de
140 pessoas chegavam a um resort
em Porto de Galinhas (PE) para
um congresso organizado por nove afiliadas do SBT no Nordeste.
Representantes de anunciantes
e de agências de publicidade tiveram contato com executivos das
emissoras nordestinas. Foram
apresentados pacotes de patrocínio em eventos regionais, como
festas de São João.
O encontro custou perto de R$
400 mil. O investimento se justifica: em 2002, a primeira edição
rendeu R$ 4 milhões em anúncios
aos radiodifusores do chamado
Comitê Nordeste. Das oito cotas,
sete foram comercializadas. Animadas, as afiliadas criaram 12 cotas para a nova temporada. O valor unitário aproximado de quatro delas é de R$ 4,5 milhões e o de
oito, R$ 2,5 milhões.
O projeto Nordeste conta com o
apoio de Silvio Santos. Superintendente de rede, Julio César Casares, disse que, há quatro anos,
mostrou ao empresário o plano
de regionalização. Silvio teria duvidado da importância. "Disse a
ele: "A regionalização vai virar lei,
e temos que sair na frente". E ele
resolveu apoiar", disse Casares.
O departamento de rede do
SBT, que vende programas das
afiliadas, foi criado há três anos.
Segundo Casares, as vendas cresceram 25% de 2001 para 2002 e
40% no último ano -taxas superiores às de crescimento das redes. O SBT também pretende trazer conteúdos regionais à programação e, se Silvio Santos colocar
em prática o investimento em jornalismo, há a intenção de criar
um jornal nacional com reportagens de afiliadas.
A 7ª Feira de Eventos e Projetos
Regionais, da Globo, aconteceu
na Câmara Americana de Comércio, em SP (dias 18 e 19). Segundo
a emissora, compareceram as
suas 115 afiliadas, responsáveis
por selecionar os eventos mais
importantes regionais, que "mobilizam multidões e movimentam
a economia local". Para a Globo,
"o objetivo é atrair cada vez mais
o interesse das agências e anunciantes para os projetos realizados
em todo o Brasil".
Com recursos escassos, anunciantes estão optando por campanhas mais focalizadas, com custos
menores. Ricardo Monteiro, gerente de mídia da Procter & Gamble, afirmou que sua empresa passou a investir em anúncios regionais. Em 2002, produziu uma
campanha para as afiliadas do
Nordeste e teve um crescimento
de vendas na região 240% acima
de suas expectativas.
Enquanto o mercado já começa
a ditar essa regra, a lei que obriga
as TVs a exibirem programação
local segue para o Senado. Pela lei,
cerca de 20% da programação das
afiliadas teriam de ser com produções locais, exibidas entre 5h e
20h. Dessa cota, 40% teriam de ser
de independentes. A deputada
Jandira Feghali (PC do B-RJ), autora do projeto, acredita que a tramitação será rápida, pois já houve
negociação com as TVs durante
as votações na Câmara.
A repórter Laura Mattos viajou a convite do SBT Nordeste
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