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Disco apresenta bossa de Carlos Lyra
Criador e dissidente do gênero é o título do quinto livro-CD da Coleção Folha, que chega às bancas no próximo domingo
Em 1956, músicas de Lyra, Jobim e Newton Mesquita entraram no álbum de Sylvinha Telles, considerado um marco desse estilo
DA REPORTAGEM LOCAL
Compositor de clássicos da
música popular brasileira, como "Minha Namorada", "Primavera" e "Você e Eu" (parcerias com Vinicius de Moraes),
ele foi tanto um precursor como, mais tarde, um dissidente
da bossa nova. O cantor e violonista Carlos Lyra, 69, é o destaque do quinto volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às bancas no próximo domingo, dia 31.
Em 1956, Lyra ainda era um
músico amador que tocava violão nas casas de amigos e em
festivais, quando sua canção
"Menina" foi gravada pela cantora Sylvinha Telles. Por acaso,
no mesmo disco entrou a gravação de "Foi a Noite", de Tom
Jobim e Newton Mesquita.
Não é à toa que alguns consideram essa casual reunião de
Lyra, Jobim e Mendonça (três
dos principais criadores da bossa nova), no disco de Sylvinha
Telles, o marco fundador desse
estilo musical, já que essas gravações continham elementos
harmônicos e poéticos que o
preconizaram.
Lyra também estava presente no show encabeçado por
Sylvinha, em 1958, no Grupo
Universitário Hebraico, no Rio,
ao lado de Roberto Menescal,
Nara Leão e Luizinho Eça, entre outros jovens músicos. Diz a
lenda que um quadro-negro
com o anúncio "Hoje, Sylvinha
Telles e um grupo bossa nova"
teria batizado o estilo que ainda
estava em formação.
Vale lembrar que esse termo
não era exatamente novo. Noel
Rosa já havia usado a expressão
"bossas" em seu popular samba
"Coisas Nossas", de 1932.
A carreira profissional de
Lyra decolou de vez em 1959,
quando João Gilberto inclui
três de suas composições, "Maria Ninguém", "Lobo Bobo" e
"Saudade Fez um Samba" (as
duas últimas em parceria com
Ronaldo Bôscoli), no álbum
"Chega de Saudade" outro marco fundamental nessa história.
No mesmo ano, Carlos Lyra
gravou e lançou seu disco de estréia, "Bossa Nova", com outras
composições de sua autoria, como "Ciúme", "Quando Chegares", "Só Mesmo Por Amor" e
"Menina".
O inquieto bossa-novista não
demorou a romper com a juvenil fase "do amor, do sorriso e
da flor". Depois de se tornar militante do Centro Popular de
Cultura (entidade vinculada ao
Partido Comunista do Brasil),
em 1961, tornou-se um dos pioneiros autores da ala engajada
da MPB, com canções como
"Maria do Maranhão" (parceria com Nelson Lins de Barros)
e "Canção do Subdesenvolvido" (com Chico de Assis), cuja
gravação chegou a ser proibida.
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