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Convite de João sela paz com Tito Madi
Músico chamou autor de "Chove Lá Fora" para ver seu show hoje, no Rio; em 61, pedido de silêncio causou briga
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de cantar "Chove Lá
Fora" em São Paulo, João Gilberto convidou Tito Madi, o autor da música, para assistir a
seu show no Rio, hoje, às 21h,
no Teatro Municipal. Feito por
meio de um jornal carioca, o
convite põe fim a um rompimento de 47 anos.
Foi em 1961 que, nos bastidores do teatro Paramount, em
São Paulo, João e Tito brigaram
feio por causa de uma bobagem: o primeiro não gostou de
ouvir um pedido de silêncio do
segundo ("não faça psiu para
mim, Tito"), recebeu um leve
empurrão e, em troca, golpeou
com seu violão o amigo, que até
o hospedara em casa. A agressão resultou em dez pontos na
cabeça da vítima, um inquérito
policial arquivado a pedido de
Tito e uma mágoa que só agora
parece se dissipar.
"Fiquei muito contente com
a homenagem que ele me fez
cantando "Chove Lá Fora". Poderia ter feito há quase 50 anos,
pois eu fiquei muito magoado
com o que aconteceu. Mas a
mágoa acabou. Essa simpática
homenagem e esse convite para
ir ao show me deixaram muito
agradecido. Estou até feliz. A
história está encerrada. Estou
aberto para um abraço dele",
disse Tito, 79.
Apesar da alegria, ele não poderá ir ao Municipal, pois se
convalesce de um derrame.
Já Sérgio Ricardo, outro convidado via imprensa, promete
que estará na platéia. Ele também teve uma música ("O Nosso Olhar") interpretada por
João nos shows de São Paulo e
também hospedou o baiano
nos anos 50. Mas disse que
nunca brigou com o criador da
bossa nova, que ainda liga para
ele de vez em quando.
"Vou estar lá [no Municipal],
estou animado. Achei muito
engraçado esse convite pelo
jornal", afirmou.
Autor de novelas da Rede
Globo, Manoel Carlos não se
recorda de ter conversado com
João nos últimos 35 anos. Mesmo assim, está na lista de convidados especiais do cantor.
"Eu iria de qualquer maneira,
mas agora, com o convite público do João, como não estar presente? Estou honradíssimo
com a lembrança do velho amigo", disse. Ele se lembra de
acompanhá-lo em São Paulo
após apresentações em programas como "O Fino da Bossa".
Outro integrante da lista é o
pianista Antônio Wanderley,
há 42 anos na banda de Roberto
Carlos. Ele disse não saber se
irá ao Municipal, pois possivelmente ensaiará nesta noite em
São Paulo para os shows de
amanhã e terça do Rei com
Caetano Veloso. Wanderley,
66, conheceu João "no tempo
da Bossa Nova", apresentado
pelo baterista Milton Banana,
de cujo trio participou.
"Fizemos muita amizade.
Em 1973, fui para Nova York
tocar com Airto Moreira [baterista e percussionista brasileiro]. Todo dia eu estava com
João Gilberto, que morava lá.
Aqui no Brasil, a gente também
se encontrava, mas faz uns três
anos que não falo com ele. Sabe
como é, o João tem horários
meio difíceis. Gosta da noite, da
madrugada. Ele tem o tempo
dele", disse o músico.
(LFV E SERGIO TORRES)
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