|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Produtores brasileiros avaliam que anúncio de crise do formato é "achismo" e defendem que o gênero veio para ficar
Para especialista, "reality" sofre saturação
DA REDAÇÃO
Especialistas brasileiros em
"reality shows" contestam o estudo feito pela consultoria Magna
Global nos EUA e dizem que o gênero não está em decadência.
"O "reality show" veio para ficar.
Pode haver uma "bolha" nos EUA,
mas outras "bolhas" virão, com
novos formatos. Lá, as sitcom [comédia de situação] tiveram uma
"bolha" nos anos 60 e 70, mas voltaram com tudo nos 90. Isso também pode acontecer com os "realities", que vão sobreviver porque
existe interesse genuíno por eles",
afirma Rodrigo Carelli, diretor
das três primeiras edições de "Casa dos Artistas", no SBT, e que hoje comanda o "Tá na Mão", uma
mistura de "game" com "reality",
na Band.
"Toda vez que alguém diz que o
"reality show" vai acabar, aparece
algo novo que explode", diz Carla
Affonso, diretora-geral da Endemol Globo, a empresa brasileira
formada pela TV Globo e pela Endemol, produtora holandesa criadora de "Big Brother", o "reality
show" de maior audiência mundial, já exibido em 23 países.
"Acho tudo isso [as previsões
pessimistas] um mero "achismo'",
se limita a dizer J.B. de Oliveira, o
Boninho, diretor de "Big Brother
Brasil", da Globo.
Steve Sternberg, vice-presidente
da Magna Global, responsável pelo estudo que aponta que os "realities" passam por uma "bolha"
nos EUA, também diz que o gênero não vai acabar, mas apenas rarear, já que estão saturados.
"Os "realities" não estão morrendo, mas eles estão ficando saturados devido a imitações fracas. Os
gêneros televisivos tendem a funcionar em ciclos", afirma Sternberg em entrevista à Folha, por e-mail.
"Há poucos anos, havia um bloco de comédia atrás do outro [na
TV americana], o que simplesmente serviu para dividir uma audiência limitada e levar mais telespectadores para a TV a cabo. Estamos começando a ver o mesmo
fenômeno nos "realities". Ainda
existem bons programas no páreo
("Survivor", "O Aprendiz", "American Idol", "Extreme Makeover:
Home Edition" e o novo "Troca de
Esposas'). Mas, quando começamos a ver mais do que um desses
programas ao mesmo tempo, isso
prejudica todos esses "realities'",
diz.
Sternberg vê como tendência na
TV americana a aposta, agora, em
seriados. "Com o sucesso atual de
algumas novas séries ("CSI: NY",
"Lost", "Desperate Housewives'),
as TVs abertas, que sempre copiam o modelo que funciona, vão
começar a procurar mais séries
nos mesmos moldes na próxima
temporada. Os "realities" mais fortes vão sobreviver, e os mais fracos, desaparecer."
Aventura
Sternberg prevê pelo menos
mais duas temporadas para
"American Idol", "reality" musical (espécie de "Fama" melhorado e que faz sucesso) na TV dos
EUA. O programa da Fox (exibido aqui no canal pago Sony) foi líder de audiência no início do ano.
O executivo afirma que "O
Aprendiz", que caiu da liderança
na primeira temporada para a 12ª
posição entre os programas mais
vistos, agora em sua segunda edição, não é um fracasso.
O maior fenômeno de audiência entre os "realities" nos EUA é
"Survivor", que no Brasil foi copiado em "No Limite", da Globo.
Nos Estados Unidos, o formato de
aventura já está em sua nona edição -no Brasil, não sobreviveu à
terceira. Já "Big Brother", grande
sucesso no Brasil e na Europa, não
tem o mesmo desempenho nos
EUA.
"Survivor" faz muito mais sucesso do que "Big Brother" nos
EUA, antes de mais nada, porque
tem um apelo para uma audiência
muito mais ampla, e não apenas
para telespectadores mais jovens", afirma Sternberg.
Donas-de-casa
Pelo menos duas das novas séries que estão fazendo sucesso nos
Estados Unidos estréiam no Brasil, no Sony, já no início de novembro: "Desperate Housewives"
e "CSI: NY". Já "Joey" (19º lugar
no ranking dos mais vistos nos
EUA) é atração, também em novembro, no Warner Channel.
"Desperate Housewives", a
mais bem-sucedida delas até agora, é protagonizada por uma dona-de-casa, Mary Alice Scott
(Brenda Strong), que, cansada do
dia-a-dia entediante que leva, resolve se suicidar.
Como um "espírito", ela passa a
acompanhar a vida de suas amigas e de seus familiares de um
ponto de vista inusitado e indiscreto. Uma de suas vítimas é a
amiga Susan, uma mãe solteira
interpretada por Teri Hatcher, a
eterna Lois Lane de "Lois &
Clark". "CSI: NY" dá seqüência à
franquia "CSI", que já tinha um filhote, "CSI: Miami". Trata-se de
uma série de eficientes detetives,
que agora solucionam crimes em
Nova York.
Já "Joey" é descendente de
"Friends", megassucesso encerrado em maio nos EUA. É protagonizada por Matt LeBlanc, o Joey
Tribbiani de "Friends". Ele deixa
Nova York e vai tentar uma carreira de ator em Hollywood.
Finalmente, "Lost", que não
tem previsão de estréia no Brasil,
é a nova série do criador de
"Alias", J.J. Abrams. Nela, a história gira em torno de sobreviventes
de um acidente de avião, que ficam presos em uma ilha deserta
tropical. Um dos atores é Matthew Fox, de "O Quinteto"
("Party of Five").
(DANIEL CASTRO E BRUNO YUTAKA SAITO)
Texto Anterior: "Reality" vai ao paredão Próximo Texto: Espermatozóides entram na corrida Índice
|