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Marca ainda é superficialidade e estereótipos
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem tudo são flores na
programação jovem. Um
dos principais problemas,
que a própria pesquisa
aponta, é a superficialidade.
Dentre as discussões abordadas, mais de 60% tiveram
tratamento superficial, na
opinião dos especialistas.
"É um desafio incluir um
conteúdo profundo em formatos frenéticos, na estética
do videoclipe. Os programas
costumam só dar uma pincelada em vários assuntos,
de forma fragmentada", diz
Veet Vivarta, diretor da Andi, realizadora do estudo.
Outra crítica é o fato de os
jovens serem estereotipados
e seguirem um padrão de
beleza. "Malhação" é citada
nesse contexto pelos consultores e por jovens que participaram de grupos de discussão. "Ou o jovem é supercertinho ou destrambelhado; ou é um "nerd" ou um bonitão", disse um dos garotos
entrevistados. "Fazem programas para o jovem que só
pensa em sair, comprar,
querer tudo o que não pode
ter", afirmou outro.
Ivana Bentes, professora
de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entrevistada na "Remoto Controle", fez coro: "O
panorama geral, tanto para
crianças como para jovens,
parece ser o de programas
feitos por adultos com uma
visão muito estereotipada,
numa repetição infinita de
idéias prontas, produzidas
sem muita investigação".
Para o cineasta Cao Hamburger, diretor do "Castelo",
não há nada muito inovador
na TV para teens. Mesmo assim, diz, essas atrações podem dar bons exemplos às
dirigidas ao público em geral. "Qual é a diferença entre
"Meninas Veneno" [Marina
Person, MTV] e "Hebe"
[SBT]? E entre "Malhação" e
qualquer novela? Na verdade, os formatos são completamente iguais, e os programas jovens conseguem ter
um conteúdo melhor."
Quanto à chance de uma
TV melhor obter audiência,
Cao é otimista: "Qualidade
não é inverso de sucesso".
Esse casamento, no entanto, ainda é uma raridade.
Dos dez programas analisados pela pesquisa "Remoto
Controle", cinco já saíram
do ar (veja quadro ao lado).
Os pesquisadores atribuem o fato à "volatilidade
da TV". Os grupos de discussão organizados pelo estudo também demonstram
que a audiência não está tão
perto da TV ideal. Apenas
um dos programas avaliados -e elogiados- aparece
na lista dos mais assistidos
pelos jovens: "Malhação".
A novelinha e o "Altas Horas", da Globo, são os únicos
com uma audiência significativa: de janeiro a abril deste ano, foram sintonizados,
respectivamente, por 66% e
42% das TVs ligadas em seus
horários de exibição.
(LM)
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