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FESTIVAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Pat Oleszko atua pela primeira vez no Brasil; evento termina hoje
Americana faz "performance do absurdo"
VALMIR SANTOS
ENVIADO A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Em quatro edições internacionais consecutivas, o Festival de Teatro de São José do Rio Preto
tornou-se espaço cativo da performance, aquela expressão para
a qual convergem as artes cênicas,
visuais, musicais, poesia, vídeo e
afins. A presença da norte-americana Pat Oleszko no evento, que
termina hoje, é mais uma evidência desse quadro.
Oleszko, de ascendência polonesa, começou a carreira solo em
1966. Já atuava quando a arte performática, nos EUA, ainda não
havia sido consolidada, o que
ocorreria a partir da metade dos
anos 70, com a conquista de autonomia, público e crítica.
No Brasil, a performance costuma ganhar visibilidade em eventos de artes cênicas ou galerias do
Rio de Janeiro, São Paulo e Belo
Horizonte, por exemplo.
Num primeiro momento, a mulher com cerca de dois metros de
altura não corresponde exatamente à imagem de uma agitadora da cena. Minutos de conversa e
sorrisos depois, porém, essa impressão se esvai. Há pistas gestuais, movimentos da palhaça, da
atriz, da dançarina e da artista
plástica que faz do seu corpo morada e eixo de criação.
"A minha arte da performance
discorre basicamente sobre o absurdo. Tento traduzi-lo por meio
do corpo", diz ela. É a maneira
que encontrou para "exorcizar"
realidades ou fantasmas.
A americana costuma utilizar figurinos, objetos e adereços que
lhe dão outra dimensão e volume
quando interagem com um espaço de preferência não-convencional: um clube, uma festa, uma rua,
uma praça, a galeria de um badalado museu. "Sou como um caramujo", ajuda a ilustrar.
Em Rio Preto, ela vai se apresentar num dos barracões da Swift,
uma antiga fábrica de extração de
óleo e algodão, também o local do
Bararena (bar + arena), como foi
batizado o segmento de performances e intervenções do festival
Em "Clothes, Calls and Cunning
Stunts", Oleszko condensa números anteriores e inéditos que trazem idéias suas ou geradas a partir de recortes da realidade.
"São esquetes que funcionam
como um vaudeville, com início,
meio e fim. Têm muito a ver com
a situação política atual dos EUA.
Cada um lê esses quadros de uma
maneira, mas imagino que, no
Brasil, as pessoas não sejam tão
"puras" quanto no meu país", afirma a performer.
O título em inglês revela como
Oleszko gosta de usar duplos sentidos, e não só quando está em cena. "Clothes, Calls and Cunning
Stunts" pode ser traduzido como
algo assim: "Roupas por um Triz
e Manobras Astutas". Isso num
português mais acanhado, pois o
jogo de palavras alude, ainda, a regiões do baixo ventre.
Apesar do trabalho solo, extremamente autoral (ela desenha os
próprios balões que utiliza para
contracenar), a performer incorpora um ou dois artistas locais para auxiliá-la na manipulação de
objetos. A apresentação em São
José do Rio Preto terá palavras-chaves traduzidas. O texto também é da americana. Imagens
projetadas ao fundo reforçam a
narrativa de Oleszko, que visita o
Brasil pela primeira vez.
Na sua perspectiva, é difícil separar arte performática do entretenimento no mundo contemporâneo. Mas resquícios ideológicos
e políticos estariam preservados
desde que o artista os assumam.
Para Oleszko, nesse sentido, o trabalho solo permite maior agilidade, porque concebido por uma
única cabeça.
"Lembro-me de que na escola
de arte eu não conseguia fazer
uma armadura ficar de pé", afirma. Foi aí que tudo começou, diz.
O jornalista Valmir Santos viaja a convite da organização do festival
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