São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Marco inicial tem destino indefinido

Ricardo Lima/Folha Imagem
No alto, o salão multiuso; ao lado, parte da biblioteca, cômodo mais deteriorado da construção


DA ENVIADA A VALINHOS

A mesma bruma de descaso e indefinição que cerca a casa de Flávio de Carvalho também ameaça uma antecessora ilustre do projeto de Valinhos.
A Casa Modernista -como é conhecida, por seu caráter fundador do movimento no Brasil, a residência projetada pelo arquiteto de origem ucraniana Gregori Warchavchik (1896-1972)- ficou sem tombamendo até os anos 80.
A decisão pela preservação veio quando a casa, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), quase sucumbiu a um projeto de condomínio, em 1983. O tombamento foi pedido, após protestos de moradores do bairro, pelo então vereador e hoje secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça.
No ano passado, a Secretaria do Estado da Cultura iniciou o restauro da Casa Modernista -que, como a de Flávio de Carvalho, encontrava-se entregue ao tempo.
A concorrência para o restauro foi vencida pelo arquiteto Haroldo Gallo, que, seguindo determinação dos órgãos de proteção do patrimônio, adotou como diretriz dos trabalhos a segunda versão da casa -concebida em 1927, num primeiro momento do modernismo, foi reformada em 1934 pelo próprio Warchavchik, que a adaptou aos padrões desenvolvidos pelo movimento.
Iniciada em agosto de 2001, a obra deveria durar seis meses. Já começava, porém, com um problema: não se sabia que utilização ela teria, ao fim dos trabalhos.
À época, arquitetos ouvidos pela Folha lembraram que a Carta de Veneza (documento que normatiza os restauros) dita que o imóvel deve ser "restituído à vida" pelo novo uso. Mas ressaltou-se também que, sem qualquer uso, a casa "cai". Era fato, porém, tanto para o o secretário da Cultura como para Gallo, que o imóvel serviria a "algum fim cultural".
Passados dez meses, a casa segue fechada. Gallo diz que seu envolvimento com o restauro acabou no papel: ele entregou há cerca de dois meses o projeto executivo, mas seu contrato não previa o acompanhamento das obras. Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Estado da Cultura não respondeu aos contatos feitos pela Folha. Resta esperar que logo esse marco inicial possa ser entregue, em ordem, ao uso público.



Texto Anterior: Casa tombada
Próximo Texto: Análise: Projeto híbrido é destaque entre os modernistas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.