São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Robô de Portugal faz pintura abstrata

Inventado pelo artista Leonel Moura, o "RAP3" integra mostra no Itaú Cultural

Artista criou zoológico de robôs e propõe "criatividade artificial'; "irmão" do "RAP3" vive em sala do Museu de História Natural de NY

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Nasceu um novo Jackson Pollock, e ele é português. Também é bem menor e muito menos talentoso e polêmico. Não bebe nem bate nas mulheres como o expressionista americano fora acusado de fazer. É quase auto-suficiente, não fosse ter de parar e piscar uma porção de luzes cada vez que precisa de papel para pintar.
O "RAP3" é um robô equipado com nove sensores visuais e outras tantas canetas coloridas. Inventado pelo artista português Leonel Moura, faz escala no Brasil na mostra "Emoção Art.Ficial 4.0", que o Itaú Cultural abre na próxima terça. "Discordo que só os humanos possam fazer arte", diz Moura à Folha. "Quis criar robôs capazes de fazer arte."
O artista -que chegou a criar um curioso zoológico de robôs, o "Robotarium", em Alverca, perto de Lisboa- quer extrapolar o conceito de inteligência artificial. "Proponho a criatividade artificial, que aceitemos que as máquinas podem produzir obras bonitas como quadros do Pollock", diz Moura.
Sem memória, dotado apenas de sensores capazes de detectar a densidade das manchas gráficas, o robô de Moura consegue criar composições diferentes, seguindo combinações numéricas de seu circuito interno. Ele só pára quando chega ao que o artista entende por "sentido de perfeição".
"É como o artista humano, que chega ao ponto em que sabe que vai estragar tudo se acrescentar algo", compara.
"Estou muito interessado em explorar os robôs como uma nova espécie de vida", diz Moura. Um "irmão" do "RAP3" vive numa sala do Museu de História Natural de Nova York, como representante mecânico dos desdobramentos da espécie humana. "O fato que um robô seja aceito como natural mostra uma evolução da maneira como olhamos para nossa própria espécie."


EMOÇÃO ART.FICIAL 4.0
Quando:
abertura terça, 1º/7, às 19h30; de ter. a sex., 10h às 21h; sáb. e dom., 10h às 19h; até 14/9
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 0/xx/11/2168-1776; livre)
Quanto: entrada franca


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