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Arte de cubanos questiona arquitetura
Los Carpinteros abordam, no galpão da Fortes Vilaça, os limites que as construções impõem à vida
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cubanos Marco Castillo e
Dagoberto Rodríguez, juntos
na dupla Los Carpinteros, tentam jogar golfe no campo que a
revolução transformou em escola de arte. Numa das primeiras obras que fizeram juntos,
eles se auto-retrataram, desajeitados entre margaridas, na
onda de um modernismo que
varreu a burguesia da ilha e deixou no rastro só a nostalgia.
Agora, 14 anos depois, voltam
a Havana com a instalação "Alto Parlante Solimar", escultura
que a dupla mostra na segunda
individual que faz no Brasil,
aberta hoje no galpão da galeria
Fortes Vilaça, em São Paulo.
Em madeira negra, Los Carpinteros reconstroem o primeiro prédio modernista erguido em Cuba, mas, no lugar
das janelas, instalaram alto-falantes mudos. "Nos interessa
ter voz", diz Castillo. "A palavra
é algo complexo em Cuba."
O prédio numa área deteriorada do centro de Havana hoje
abriga famílias de baixa renda,
já que boa parte dos ocupantes
originais migraram para os Estados Unidos e a Europa.
Esse molde que a arquitetura
consegue impor à vida é tema
caro à dupla, que participa agora em Londres da mostra
"Psycho Buildings", na Heyward Gallery. Lá, eles explodiram um conjunto de sala e cozinha e suspenderam no ar os
destroços do mobiliário. "A arquitetura é capaz de expandir
ou diminuir a vida."
Em São Paulo, eles migram
da sala para o quarto e constroem duas camas -uma delas
faz uma curva e passa por cima
da outra. "São camas que têm
uma atitude", diz Rodríguez. "É
a ternura feita de materiais rígidos", acrescenta Castillo.
Los Carpinteros expõem
também quatro aquarelas que
servem de esboço para obras
futuras, além de elo com outra
exposição no galpão da galeria.
Geometrismo dócil
Representante da jovem geração de pintores paulistas,
Marina Rheingantz faz sua individual de estréia com oito telas. Se Los Carpinteros travam
logo ao lado um embate nada
sereno com a arquitetura,
Rheingantz sai em busca de lugares que nem conhece.
De um geometrismo dócil e
paleta desbotada, são vastas
paisagens vazias e vistas aéreas
-novas telas da mesma safra
poderão ser vistas numa coletiva do grupo de pintores 2000 e
8 em agosto no Sesc Pinheiros.
"Eu penso em buscar mais
cor, mas é difícil chegar a ela",
diz a artista. Por enquanto, em
sua obra, só as bordas dos quadros ganham cores mais fortes.
Mais coloridas, seis telas do
holandês Gerben Mulder podem ser vistas na sede da Fortes Vilaça, na Vila Madalena.
LOS CARPINTEROS E MARINA RHEINGANTZ
Quando: abertura hoje, às 13h; de
ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das
10h às 17h; até 23/8
Onde: galpão da Fortes Vilaça (r. James Holland, 71, tel. 0/xx/11/
3392-3942; livre)
Quanto: entrada franca
GERBEN MULDER
Quando: de ter. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 10h às 17h; até 23/8
Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/
3032-7066; livre)
Quanto: entrada franca
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