São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008 |
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TEATRO Denise Fraga descobre sua "clownzinha" com Brecht
AUDREY FURLANETO
Denise Fraga veste um sobretudo verde-musgo acinturado, tem o cabelo, já curto, bem preso na nuca e os
olhos grandes sempre voltados para o palco do teatro
Renaissance, onde estréia
hoje o espetáculo "A Alma
Boa de Setsuan", texto de
Bertolt Brecht e direção de
Marco Antônio Braz.
Braz, na platéia, a observa
e avalia: "Ela se transformou
numa mistura cruel de Chaplin e Klaus Kinski, do Herzog. Estamos encantados
com a força e a técnica dela".
A atriz é informada da frase
de seu diretor: "É, eu tenho
uma clownzinha dentro de
mim", diz, apertando as
mãos, os olhos apontados para o fundo do teatro.
Braz, fundador do Círculo
de Comediantes, pediu a
Fraga que assistisse aos filmes "À Nós a Liberdade", de
René Clair, e "A Última Gargalhada", de Murnau, a fim
de se preparar para ter vida
dupla na peça. Para completar, ela reviu "Tempos Modernos", de Chaplin, e "Noites de Cabíria", de Fellini.
"É tão lindamente triste",
diz a atriz, que usou o "laboratório" para criar a ingênua
prostituta Chen-Tê, protagonista da peça, que é escolhida por Deus como a "alma
boa" de Setsuan, na China.
Bondosa, para não ir à bancarrota, veste-se de homem
como a figura do primo
Chui-Tá e passa a negar as
gentilezas que fazia ao povoado.
"A peça expõe como a bondade adquiriu esse tom pejorativo. Que regra é essa que
agora gentileza não gera
mais gentileza?", questiona
Fraga. Para ela, Brecht é
"muito divertido" e, por isso,
um "jatinho na comunicação". "Acredito no poder
transgressor do riso", diz.
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