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Autora se coloca na pele do imperador
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM LONDRES
Publicado em 1951,
"Memórias de Adriano"
foi um sucesso de vendas
mundial e transformou
Marguerite Yourcenar
(1903-1987) na primeira
mulher eleita para a Academia Francesa de Letras,
em 1980.
O livro toma a forma de
uma carta escrita por
Adriano, já no fim da vida,
ao seu sucessor, Marco
Aurélio. Com sólida pesquisa histórica e grande
quantidade de dados reunidos, a escritora tentou
transportar-se para a pele
do imperador e escreveu
em primeira pessoa, para
"refazer por dentro aquilo
que os arqueólogos do século 19 fizeram por fora".
Yourcenar trabalhou no
romance por um quarto de
século. O primeiro manuscrito foi redigido entre
1924 e 1929, mas depois
destruído. Uma segunda
tentativa foi iniciada em
1934 e abandonada. Em
1939, a escritora emigrou
para os EUA, onde trabalhou em outros projetos.
Em 1948, recebeu um
contêiner com alguns livros e papéis que havia
deixado na Europa, entre
eles os manuscritos de
"Memórias..."; o projeto
foi então concluído.
"É difícil permanecer
imperador na presença do
médico e mais difícil permanecer homem. [...] Esta
manhã, pela primeira vez,
ocorreu-me a idéia de que
meu corpo, este fiel companheiro, este amigo mais
seguro e mais conhecido
do que minha própria alma, não é senão um monstro sorrateiro que acabará
por devorar seu próprio
dono", escreveu, numa das
primeiras páginas.
Para o curador Thorsten
Opper, "o Adriano de
Yourcenar reflete o líder
que a Europa precisava no
pós-Segunda Guerra. Um
homem culto, pacifista,
exercendo o poder de maneira esclarecida e sem esconder seus sentimentos".
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