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CINEMA
Canções do compositor ganham novas versões com Sheryl Crow e Lemar em filme que estréia no Festival do Rio hoje
História de Cole Porter vira dramalhão
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Para os amantes da melhor música americana, o filme mais esperado do Festival do Rio estréia hoje: "De-lovely - Vida e Amores de
Cole Porter", de Irwin Winkler.
Ainda não é o filme que o gênio e
a biografia do compositor mereciam, mas tem como atrativo novas versões de uma penca de canções de Porter.
Algumas delas são interpretadas por Kevin Kline, que vive o
compositor em "De-lovely". Embora melhor ator do que cantor,
Kline dá conta do recado em "Be a
Clown", "Experiment", entre outras canções.
Quase todo o resto do repertório fica a cargo de cantores pop. O
diretor procurou inserir as interpretações na ação, artifício que
nem sempre funciona bem. Entre
os destaques estão Elvis Costello
cantando "Let's Misbehave", Diana Krall em "Just One of those
Things" e Alanis Morissette em
"Let's Do it".
Mais distantes do clima que as
músicas tinham na época em que
foram feitas são as versões de "Begin the Beguine", por Sheryl
Crow, e "What Is this Thing Called Love?", por Lemar.
Apelo emocional
Winkler montou um argumento fantasioso, o que lhe desobrigou de ser fiel à biografia de Porter: o compositor já perto da morte, aos 73 anos, assiste a um filme
sobre sua vida e comenta com o
diretor, vivido por Jonathan
Pryce.
Essa opção permite que pessoas
fundamentais na vida de Porter
-como sua mãe, Kate- não
apareçam na história, que se concentra em poucos personagens.
"De-Lovely", naturalmente, não
esconde o homossexualismo do
Porter, como fez o açucarado "A
Canção Inesquecível" ("Night
and Day") em 1946, com Cary
Grant transformando o compositor em galã -no filme de Winkler, Porter diz ao acabar de ver
"A Canção Inesquecível": "Se eu
sobreviver a esse filme, sobrevivo
a qualquer coisa".
Mas o foco maior ainda é a relação de Porter com sua mulher,
Linda, interpretada por Ashley
Judd. Mesmo deixando claro que
o casamento dos dois era aberto e
que ela sabia do envolvimento dele com homens, o filme transforma a história do casal várias vezes
em drama, com lágrimas transbordando.
Winkler ressalta a dor de Linda,
o aparente egoísmo de Porter e a
força do relacionamento entre
eles. Até morrer de um enfisema
pulmonar em 1954, ela fica ao lado dele, que se torna cada vez
mais dependente por causa da
queda de cavalo que esmigalhou
sua perna direita, enfim amputada em 1958.
A primeira parte de "De-lovely"
é alegre e solar, acompanhando a
vida de milionário de Porter em
Paris e Veneza e o início de sua
carreira brilhante como autor de
musicais da Broadway.
Com o sofrimento de Linda e as
doenças dela e dele, o filme se torna sombrio, terminando, significativamente, com "In the Still of
the Night" ("na calada da noite")
interpretada por Kline e Judd ao
piano.
Um final bonito para um filme
que, apesar das canções sensacionais de Porter, é sobretudo um
melodrama.
"De-lovely" entra em circuito
comercial em outubro, mês do
40º aniversário de morte do compositor.
FESTIVAL DO RIO. "De-lovely - Vida e
Amores de Cole Porter". Onde: Roxy
(hoje, às 16h30 e 21h30) e Estação
Paissandu (amanhã, às 14h e 19h).
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