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ARTES PLÁSTICAS
Coletiva de galerias aproveita a movimentação da Bienal
"Paralela 2" tenta reafirmar a produção contemporânea
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Do ponto de vista da produção
contemporânea brasileira, "Paralela 2" é a mais esperada mostra
do circuito off-Bienal.
Ao contrário da primeira versão, em 2002, que contou apenas
com quatro galerias na organização -Casa Triângulo, Brito Cimino, Fortes Vilaça e Luisa Strina-, quando cada marchand
apresentava seus artistas em baias
individuais, a exposição agora
mescla os trabalhos com um sentido curatorial, a cargo de Moacir
dos Anjos, diretor do Museu de
Arte Moderna do Recife, e inclui
outras cinco galerias: Marília Razuk, Milan Antonio, Nara Roesler, Thomas Cohn e Vermelho.
Obviamente, o objetivo principal é atrair os colecionadores, nacionais e estrangeiros, de olho na
arte contemporânea brasileira em
tempos de Bienal, até mesmo porque o galpão de 3.000 m2 escolhido para sediar o evento está localizado numa região de difícil acesso
público.
"A exposição tem um sentido
comercial, mas ela transcende o
sentido de feira, já que há um reforço para o conjunto da produção, o que é um índice de amadurecimento das galerias", diz Moacir dos Anjos.
Ao mesmo tempo, o limite imposto ao curador, de apresentar
todos os artistas das nove galerias,
enfraquece a idéia de conjunto
pois, mais do que apontar para a
diversidade da produção, a exposição salienta a disparidade do
que é considerado contemporâneo pelos galeristas, dificultando
a função do curador em traçar eixos curatoriais.
"A mostra é um grande panorama da produção brasileira. Não
escolhi os artistas e, por isso, foi
difícil encontrar uma questão que
aglutinasse tudo. Selecionei as
obras individualmente, pela sua
qualidade, dando preferência às
inéditas ou pouco vistas, e aí comecei a olhar quais seriam os vizinhos." A partir desse princípio, o
curador chegou a nove núcleos temáticos.
Dessa forma, mapeando-se a
produção nacional a partir de
uma organização comercial, a arte brasileira, hoje, aborda as seguintes questões: a cultura de
massa, a representação, os campos de cor, os sistemas, o ambiente onírico, o corpo, a paisagem, cidade/espaço e pintura/pictorialismo.
"São aproximações. Ao mesmo
tempo, busquei criar algumas
provocações em cada módulo",
explica dos Anjos, que coloca peças de Artur Barrio, por exemplo,
em meio a alguns módulos, como
forma de causar estranhamento.
Em meio a tantas obras, ganham
destaque aquelas nunca vistas e,
especialmente, aquelas criadas no
próprio local da exposição.
É o caso de Rivane Neuenschwander, que apresenta "Zé Carioca e Amigos", realizada numa das
paredes do galpão e que reproduz, em grande formato, a estrutura de um gibi, sem as figuras,
apenas com os balões de texto,
que podem ser preenchidos pelo
visitante com giz. A obra faz parte
do núcleo dedicado à cultura de
massa, onde também se encontra
Marepe, outro que traz novo trabalho, "Sangue de Novela", uma
mesa com calhas à volta, cheias de
molho de tomate.
No módulo que aborda a representação, Nelson Leirner apresenta um trabalho produzido em
1965, mas refeito no ano passado,
chamado "Matéria e Forma", um
tronco de madeira ao lado de uma
cadeira do mesmo material, da
mesma série de seu antológico
porco empalhado, que, originalmente, era visto junto com um
pedaço de presunto.
Já Rosângela Rennó, presente
na seção dedicada ao corpo, expõe o novo trabalho, "Estudo de
Caso: Apagamento nš 1", uma
mesa com imagens justapostas,
com visões de ângulos distintos
de um assassinato. De todos os
núcleos, o da pintura/pictorialismo é o que abarca maior espaço
na exposição. É natural numa exposição de galerias -a pintura,
suporte com o maior poder de
venda, só poderia, de fato, estar
hiper-representada.
PARALELA 2. Mostra que reúne obras de
160 artistas de nove galerias paulistanas.
Curadoria: Moacir dos Anjos. Onde: r.
Fidêncio Ramos, 308, Vila Olímpia, São
Paulo, tel. 0/xx/11/7253-2546. Quando:
abertura hoje, das 15h às 18h; de terça a
domingo, das 12h às 20h; até 14/11.
Quanto: entrada franca.
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