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Levantamento revela que a maior oferta de cinema na TV por assinatura é de reprises de produções dos anos 80 e 90
Já vi esse filme!
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Que tal ligar a TV paga para ver
um filminho? Se busca um grande
lançamento, é bom ter muita paciência: a maior probabilidade será a de se deparar com uma reprise de um filme produzido na década passada ou até antes.
Relatório trimestral da Pay-TV
Survey (PTS), empresa de pesquisa de TV por assinatura mais respeitada no mercado, comprova
com números que há pouca novidade nos canais de cinema.
Entre junho e agosto de 2003
(dados mais recentes), de 20
emissoras fechadas, apenas três
tiveram mais de 40% da programação com filmes produzidos a
partir de 2001: HBO (46,78%),
Disney (50%) e Telecine Premium (59,61%). Consideradas
"vitrines", essas redes conseguem
exibir um filme até oito meses
após sua estréia no cinema.
HBO (TVA e DirecTV) e Telecine (Net e Sky), no entanto, só estão disponíveis nos pacotes mais
caros, com mensalidades em torno de R$ 100. E o infantil Disney é
"à la carte", ou seja, o assinante
paga uma taxa extra (cerca de R$
7) por ele, além da assinatura.
Nos outros 17 canais, menos de
20% da programação foi de novidades. Só
0,8% dos filmes mostrados pelo
Eurochannel, por exemplo, foram
produzidos a partir de 2001. O Canal Brasil registrou 1,09%, o Cinemax Prime, 4,08% e o Telecine
Happy, 6,57%.
Cinco não exibiram nenhuma
produção posterior a 2000. Dois
deles, o Telecine Classic e o Futura, porque têm como proposta
mostrar os clássicos. Não é o caso
dos outros: MGM, TNT e Warner
(esse último exibe apenas os filmes da Warner Bros., mas seu
carro-chefe são as séries).
Há grandes concentrações de
longas das décadas de 80 e 90. O
MGM poderia ser chamado de o
"rei dos anos 80": 52,44% dos filmes foram produzidos entre 1981
e 1990. As opções mais recentes,
de 1996 a 2000, ficaram só com
9,78% de sua programação.
Os canais de pacotes mais baratos levam ao ar filmes mais antigos em razão dos custos. "Quanto
mais cedo recebemos o filme,
mais caro custa. Por isso, os pacotes básicos não têm estréias", diz
Anthony Doyle, vice-presidente
da Turner do Brasil, do TNT.
A maior média de estréias fica
com os "tops". HBO teve 19 novos
filmes dentre os 119 que exibiu, e
Telecine Premium, 15,33 lançamentos em 186 títulos.
Principal canal de cinema de
planos básicos, o TNT foi recordista de títulos diferentes: 212 filmes por mês, a maioria (34,59%)
produzida entre 1996 e 2000. Com
essa quantidade, acabou registrando baixa média de reprises:
cada um teve 1,4 repetição/mês.
Já o MGM foi o campeão dessa
categoria: cada longa-metragem
foi repetido 4,2 vezes por mês (segundo a assessoria de imprensa, o
número caiu para 2,95 no trimestre agosto/setembro/outubro).
A reprise, segundo os canais,
tem duas razões. Em primeiro lugar, é inevitável, já que não haveria conteúdo suficiente para
preencher a programação de todas as redes 24 horas por dia.
Além disso, seria estratégica, uma
forma de atingir telespectadores
diferentes nos diversos horários.
"A reprise é uma característica
importante da TV paga. É um serviço para que o assinante possa
adaptar o conteúdo a seus horários de disponibilidade", diz Alexandre Annenberg, diretor executivo da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura).
"As pessoas têm pouco tempo
para sentar por duas horas e ver
um filme inteiro. Já contam com a
repetição para vê-lo em partes.
Encaramos a reprise mais como
serviço do que como problema",
diz Cláudia Freitas, gerente de
programação da Rede Telecine.
Dos cinco telecines, o que mais
reprisou foi o Classic (2,7 vezes
por mês), e o que menos repetiu
foi o Premium (2 vezes).
A indústria cinematográfica dos
Estados Unidos, a maior do mundo, é majoritária na TV paga.
Tirando Eurochannel, de obras
européias, e Canal Brasil, de brasileiras, todos os outros canais dão
preferência a produções dos EUA.
A pesquisa da PTS mostra que,
dos 20 analisados, 14 exibiram
mais de 70% de longas-metragens
norte-americanos entre junho e
agosto deste ano (dados mais recentes). Em seis, como TNT e
AXN, a média passou de 90%.
O segundo lugar fica, na maioria dos casos, com os ingleses. Em
número menor, há canadenses,
australianos e franceses.
Para encontrar um título europeu, o mais garantido seria mesmo sintonizar o Eurochannel. O
problema é que ele é exclusivo da
TVA e da DirecTV, não acessível a
mais da metade dos assinantes do
país, clientes Net e da Sky.
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