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CINEMA
Histórias de gente como Mickey Rourke, Chuck Norris e Cybill Shepherd são contadas em obra de jornalista espanhol
Livro relembra trajetória de "atores de um filme só"
IVAN PADILLA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM BARCELONA
Você sabia que Margot Kidder,
a namorada do Super-Homem,
foi encontrada perambulando pelas ruas de Los Angeles, com a
roupa rasgada e o cabelo cortado
a navalha, num ataque histérico?
Que Mark Hamill, o legendário
Luke Skywalker, virou dublador
de personagens de desenhos animados e de jogos de computador?
E que Chuck Norris anuncia tábuas para fazer exercícios abdominais em anúncios na televisão?
Essas e outras trajetórias efêmeras são narradas no livro "Desaparecidos em Combate - Onde
Estão as Estrelas do Novo Hollywood?", do jornalista espanhol
Miguel Ángel Prieto, 33, lançado
em maio. "A idéia surgiu em conversas de mesa de bar com amigos. De tanto falar sobre filmes e
séries antigos, surgiu a curiosidade de saber o destino desses atores", contou à Folha, de Madri.
De acordo com Prieto, a obra foi
concebida para os leitores que
nasceram entre o maio francês de
68 e a primeira crise do petróleo,
em 73. A atual geração de trintões
vibrou com os primeiros grandes
filmes de efeitos especiais, como
"Guerra nas Estrelas" e "E.T.".
Acompanhou séries clássicas, como "As Panteras", e se emocionou com comédias românticas,
como "Clube dos Cinco" e "A Garota de Rosa-Choque".
De uma lista inicial de mais de
300 nomes, Prieto selecionou 118
atores. Uma vez definidos os personagens, o autor iniciou uma
minuciosa pesquisa na internet e
em enciclopédias de cinema. O resultado é um apanhado de histórias de fracassos. Algumas, como
a da eterna Lois Lane do homem
de aço, são trágicas. A maioria, no
entanto, retrata apenas a decadência de quem não soube aproveitar os momentos de glória.
Mickey Rourke, o tipo durão de
"O Selvagem da Motocicleta",
caiu no ostracismo depois de cirurgias malfeitas, declarações
contra o mercantilismo de Hollywood e elogios públicos ao grupo
terrorista IRA. Entre 1991 e 1995,
tentou a carreira de boxeador. Em
1999, abandonou a gravação do
filme "Luck of the Draw" porque
os produtores não quiseram incluir seu cachorro chihuahua nas
cenas. Nos últimos tempos, participou de clipe de Enrique Iglesias.
Kelly LeBrock arrebatou corações na comédia "A Dama de
Vermelho" (84). Na seqüência,
participou de filmes menores e teve três filhos com Steven Seagal.
Após uma separação tumultuada,
virou freqüentadora de "talk
shows", nos quais fala sobre a nova mania, a medicina alternativa.
A série "Magnum" durou oito
anos e transformou Tom Selleck
numa celebridade. A decadência
teve início quando a rede CBS o
impediu de interpretar Indiana
Jones. Em meio a projetos fracassados, obteve algum êxito com
"Três Solteirões e um Bebê". Tornou-se porta-voz oficial do conservadorismo americano em
Hollywood e é apontado como o
sucessor de Charlton Heston na
Associação Nacional do Rifle.
Cybill Shepherd nunca mais saboreou a fama alcançada no seriado "A Gata e o Rato". Depois de
atuar em seguidos fracassos de bilheteria, protagonizou "Cybill",
seriado em que se autoparodiava
no papel de uma atriz quarentona. Em 2000, começou a apresentar um "talk show", mas foi substituída. E tem carreira de cantora.
Por que esses atores nunca mais
alcançaram o sucesso de outrora?
"A explicação está na velha máxima de Hollywood, que diz que um
ator vale pelo seu último filme. Alguns atores não souberam escolher bem o próximo papel, não
conseguiram absorver o fracasso
e continuaram vivendo no castelo
mágico da ilusão", afirma Prieto.
"Apesar dos fracassos narrados,
o livro é uma homenagem aos
atores, que, ainda que não viraram mitos do cinema, marcaram
uma geração", afirma Prieto.
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