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PALCO E TELA
Artista comenta seus papéis no teatro e na TV
"Não sou um ator blasé", afirma Tony Ramos
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Tony Ramos, 55, prefere fazer uma coisa de cada vez. Mas
há horas em que o teatro -está
na peça "Novas Diretrizes em
Tempos de Paz", que rendeu ao
ator o Prêmio Shell carioca- e
a TV, com a novela "Mulheres
Apaixonadas", de Manoel Carlos, acontecem simultaneamente. E aí é preciso conciliar.
"O cansaço existe, não vou
ser herói e dizer que não, mas
administro, sou disciplinado.
O próprio
Maneco assistiu à montagem antes
de começar
a novela e
disse para eu
não parar a
peça em virtude das gravações", diz
Ramos, que
completa 40
anos de carreira em
2004.
Dividido
entre o Rio,
onde mora e
grava as cenas da trama
da Globo, e
São Paulo,
onde apresenta o espetáculo, o artista paranaense diz
não privilegiar uma ou outra
seara do ofício. "Não sou um
ator blasé, não acho que só o
teatro valha a pena. Ou só a TV.
Ou só o cinema. Não gosto dessa coisa de gueto, sou um homem que sabe que é um ator. E
sou um ator popular, sim, não
tenho pejo nenhum disso",
afirma.
Popularidade essa que ajudou, de alguma maneira, a alavancar a peça do dramaturgo
Bosco Brasil, estreada num esquema alternativo, em 2001,
com Dan Stulbach (que permanece e que, graças ao desempenho, foi chamado para fazer o
violento Marcos da novela) e
outros intérpretes para o papel
encabeçado hoje por Tony Ramos -Segismundo, um burocrata e ex-torturador do Brasil
dos anos 40. Mas, para ele, a sua
presença não é tudo.
"Às vezes, você chega quietinho e a qualidade é percebida
sem haver uma pessoa famosa.
Mas não sou hipócrita de negar
que possa contribuir com o nome que tenho na TV. O importante, vital, porém, é o texto.
Digo isso sem aquela falsa modéstia que adoram jogar em cima de mim, de bom-moço. Isso se chama ética."
Na TV, o ator encarna Téo.
Às voltas com a sua mulher,
Helena, de quem está separado, o boêmio saxofonista experimentará em breve uma situação que tem eletrizado, com a
sua simples menção, telespectadores: a personagem Fernanda, sua ex-amante e mãe de seu
filho, Lucas, será atingida e
morta por
uma bala
perdida, no
Leblon,
bairro de
classe média
alta do Rio
de Janeiro.
"O Manoel Carlos
já disse que
seria muito
fácil colocar
em extratos
mais pobres
da comunidade uma
bala perdida. As pessoas não estariam fazendo tanto
estardalhaço. O mesmo aconteceu quando ele criou, em "Laços de Família", a personagem
Capitu, uma menina da classe
média alta que era garota de
programa", considera.
Outra "polêmica" que tem
permeado as aparições de Ramos na novela diz respeito à
vasta cabeleira que tem ostentado. O excesso capilar tem
acarretado comentários e desagradado a alguns.
"Isso foi criado por alguns
segmentos da imprensa. Nenhuma das pesquisas da Globo
aponta como "ruído" o cabelo
de Téo." Ele sublinha outra razão: "Meu cabelo estava curto
demais para a peça". E adianta:
"Como acontece a morte de
Fernanda, Téo entra num processo depressivo. Helena também não volta para ele. Ele se
sente culpado, triste, deixa o
cabelo crescer ao bel-prazer. Isso faz parte de uma história que
será contada. Há todo um desenho do personagem. E o público, que é soberano, não está
nem aí para isso [o falatório em
torno do cabelo]".
(PEDRO IVO DUBRA)
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