São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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crítica

Autor questiona tempo de um nascimento

EM BUENOS AIRES

"Nascer leva tempo", diz ao narrador de "Satolep" um companheiro de viagem que chega com ele à cidade. O livro apresenta um ciclo que se fecha com o retorno do protagonista ao lugar onde nasceu, 30 anos depois. Não ficamos sabendo por que ele partiu, ainda adolescente, de Satolep, por quais lugares andou nem por que está voltando.
Espécie de alter ego de Vitor Ramil, que também deixou Pelotas jovem e depois voltou, o narrador de "Satolep" não quer encontrar pessoas. O que busca são pedras, das ruas, da fachada dos casarões, das calçadas.
Da materialidade do mundo que encontra e fotografa quer buscar a sua imaterialidade e, assim, entender também seus conflitos internos. Daí as imagens do velho álbum (em que se baseia o livro e que acompanham a edição) serem tão importantes para compreender como, para o personagem, "o que é pedra também é nuvem".
Dando vozes ao passado das ruas de sua cidade, algo atemporal, o escritor Vitor Ramil propõe um desafio à globalização. Nascer num lugar, voltar e fechar um ciclo, ao final, será possível? Quanto tempo levará? (SC)


SATOLEP
Autor:
Vitor Ramil
Editora: Cosac Naify
Quanto: R$ 39 (280 págs.)
Avaliação: bom


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