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Irmãos Coen voltam à boa forma com humor negro
Ethan diz que criou filme pensando em Clooney e Pitt
IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA
Dez anos depois de lançarem
sua última boa comédia, os irmãos Coen voltam à boa forma
do humor negro com "Queime
Depois de Ler". O filme, que teve estréia mundial ontem, no
Festival de Veneza, chega ao
Brasil em 28 de novembro.
Desde "O Grande Lebowski"
(1998), a dupla patinava em comédias românticas ("O Amor
Custa Caro") ou simplesmente
sem graça ("Matadores de Velhinhas"), apesar de ter acertado a mão em produções mais
violentas (como "O Homem
que Não Estava Lá" e "Onde os
Fracos Não Têm Vez").
Agora, voltamos ao terreno
árido de "Fargo" (1996), no
qual idiotas colocam em andamento engrenagens desconhecidas, sem ter idéia das conseqüências. Os manés são Frances McDormand, Brad Pitt e
George Clooney.
Os dois primeiros são impagáveis funcionários de uma
academia de ginástica que colocam as mãos em documentos
de um ex-agente da CIA (John
Malkovich; ótimo, como sempre). Pensando numa possível
recompensa, eles se envolvem
numa rede de intrigas que inclui a mulher do ex-agente (Tilda Swinton) e seu dócil amante
(Clooney, repetindo a dobradinha de "Conduta de Risco").
É difícil dizer quem faz mais
bobagens no andamento da
história. O personagem de Pitt
é completamente desmiolado,
o de McDormand só quer saber
de fazer quatro cirurgias plásticas, e o de Clooney passa as noites construindo uma máquina
incrível (e secreta, por enquanto) no porão. Mas, sendo um filme dos Coen, é só sentar e esperar o banho de sangue, com direito a machadinhas.
Mau humor
A exibição de ontem foi seguida de uma entrevista coletiva para 300 jornalistas, com
Joel e Ethan Coen, Clooney,
Pitt, McDormand e Swinton.
Ethan Coen disse que escreveu o filme pensando nesses
atores. "Não sei se deveria ficar
lisonjeado ou me sentir insultado por isso", disse Brad Pitt,
de chapéu de palha, na única
brincadeira que fez. No mais,
predominou o seu mau humor.
Impaciente com perguntas
pessoais, deixou de responder
várias vezes e foi monossilábico
quando abriu a boca.
Clooney foi mais tolerante
com perguntas do tipo "Você
quer casar e ter filhos?" ("Sim,
hoje mesmo, em Veneza", respondeu) e falou da produção.
"Gosto de interpretar o idiota",
resumiu. "E não é nada ruim
ser idiota", filosofou Joel Coen.
Tilda Swinton contou que,
apesar de algumas frases parecerem improvisadas, não há espaço para isso com os Coen.
"Afinal, são ótimos escritores."
Frances McDormand, que é
casada com Joel Coen, não se
preocupou em ser legal: "Sempre que começo a improvisar,
eles dizem: "Pare!'".
E lá sei foi a meia hora de coletiva. Ao final, uma vergonhosa participação da imprensa
mundial: dezenas de repórteres
correram para pedir autógrafos. A segurança precisou comparecer para que os norte-americanos não fossem tragados.
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