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crítica
Longa reúne contos "reais" em tom casual
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
"Os Desafinados" é um filme cheio de
defeitos. O roteiro é frouxo, as atuações nem sempre estão no tom certo e
algumas decisões estranhas desviam a atenção
daquilo que o filme tem de
essencial (um exemplo: a
voz de Arthur Kohl, o ator
que faz o personagem de
Selton Mello na velhice,
foi dublada por Selton
Mello, o que provoca um
efeito esquisitíssimo).
No fim das contas, porém, esse "essencial", tão
castigado pelos defeitos
periféricos, se impõe.
"Os Desafinados" é a
crônica de um tempo, uma
coleção de histórias sobre
a bossa nova que não pretende ser, de forma nenhuma, o filme "definitivo" sobre a bossa nova.
Ponto para o diretor
Walter Lima Jr., nesses
tempos tão marcados por
obras que pretendem
abarcar o mundo em alguns metros de celulóide.
O roteiro, que ainda precisava ser um tanto maturado, reúne fatos que
"aconteceram de verdade", encenados, porém,
sem o clamor do "filme baseado em fatos reais".
As histórias ganham um
tom corriqueiro, reinventadas na pele de cinco personagens fictícios: os músicos Joaquim (Rodrigo
Santoro), Davi (Ângelo
Paes Leme), Geraldo (Jair
Oliveira) e PC (André Moraes), e o cineasta Dico
(Selton). Um triângulo
amoroso entre Joaquim, a
mulher que ele deixa grávida no Brasil (Alessandra
Negrini) e a cantora que
conhece em NY (Cláudia
Abreu) apimenta a trama.
O arriscado epílogo ao
som de "Desafinado" é um
rasgo de emoção sincera,
que ajuda a encerrar o filme com aquela sensação
de flutuação que só a bossa
nova dá.
OS DESAFINADOS
Produção: Brasil, 2008
Direção: Walter Lima Jr.
Com: Rodrigo Santoro, Ângelo Paes Leme, Jair Oliveira
Onde: estréia amanhã nos cines Anália Franco, Cidade Jardim e circuito
Classificação indicativa: não
recomendado para menores
de 12 anos
Avaliação: bom
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