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COMIDA
promoção ou enrolação?
Em visita a 14 casas que participam de festival em SP com menus mais em conta, reportagem comprova que há sim boas sugestões a preço baixo mas também pratos ruins e serviço desatento
DA REPORTAGEM LOCAL
A oportunidade de ir a um
restaurante em que o custo
médio de uma refeição pode
facilmente passar dos R$ 100
pagando apenas metade ou
até um terço deste valor tem
levado uma multidão de paulistanos a peregrinar pelas casas que participam, até domingo, da terceira edição da
São Paulo Restaurant Week.
Afinal, não é todo dia que se
pode almoçar ou jantar sem
dar tanta importância à quantidade de cifrões da cotação. E
alguns restaurantes têm
aproveitado para cativar e fidelizar potenciais clientes.
Na última semana, a Folha
visitou anonimamente 14 dos
49 participantes -só as casas
com cinco (R$ 75 a R$ 110) ou
seis cifrões (acima de R$ 110,
em média, por pessoa), de
acordo com a cotação de preço do Datafolha.
No Tarsila, por exemplo, o
atendimento foi impecável e,
antes de dar início ao menu, o
chef ofereceu como cortesia
uma entradinha de guacamole com hadoque defumado.
No Tête à Tête, o cardápio especial trazia receitas criativas. No Pettirosso, os pratos
foram pinçados do menu regular, dando uma idéia da linha seguida pela casa.
Mas a satisfação não se deu
de forma geral -das 14 casas,
seis decepcionaram. Uma falta recorrente foi o menu da
Restaurant Week (com entrada, prato principal e sobremesa por um preço fixo de R$
25 no almoço e R$ 39 no jantar) não ser levado à mesa espontaneamente. Na maioria
das visitas, ele só apareceu
quando solicitado. A reportagem também registrou incidentes mais sérios.
Decepção à vista
Um deles ocorreu no Quattrino do hotel Meliá. Durante
a semana, a casa participa do
evento com um bufê. Como a
visita foi feita no almoço de
sábado, os pratos foram servidos à la carte. Ao receber a
conta, a reportagem notou
que o restaurante havia cobrado o valor do jantar. Questionado, o maître disse que,
por ter sido à la carte, o preço
era esse mesmo. Procurada, a
proprietária do Quattrino,
Mary Nigri, disse que "foi um
lapso", que o funcionário, novo, deve ter feito confusão.
Desempenho decepcionante teve também o La Risotteria Alessandro Segato. Além
de não contemplarem a especialidade da casa (os risotos),
os pratos do evento tinham
qualidade inferior aos do cardápio regular. A massa estava
muito "al dente", e as sobremesas eram medíocres. O
chef admitiu que a massa "estava realmente "al dente" demais" e que neste ano não serviu risoto pois "o intuito foi
mostrar coisas diferentes".
Em relação às sobremesas,
disse que "por R$ 25 não dá
para exigir que se mantenha
100% da qualidade".
Outras casas aparentemente não se prepararam para
tanta demanda, caso do Chakras. Diante da impossibilidade de reservar uma mesa, a reportagem foi ao restaurante e,
após esperar bem mais que a
previsão dada, descobriu que
a sobremesa escolhida havia
acabado. A gerente do Chakras, Vanessa Ribeiro, disse
que não esperavam "filas tão
longas". "No final de semana,
vou trocar as mesas grandes
por mais mesas menores."
Quanto à sobremesa, afirmou
que uma receita extra foi feita, mas não foi suficiente.
No Bananeira, o garçom
não questionou qual deveria
ser o ponto da carne e a massa
estava excessivamente cozida. Procurado, o chef Mauricio Ganzarolli disse que "um
serviço mais atencioso perguntaria sobre o ponto da carne" e que, apesar de não ser
um restaurante italiano, "é lamentável o penne não ter sido
servido "al dente'".
No Canvas, o ponto da carne também não foi questionado. O gerente Raí Gaeta disse
que "o prato tem o ponto ideal
para ser servido, conforme foi
concebido pelo chef".
No Ganesh, a reserva não
foi encontrada, e o garçom
não soube explicar o couvert
nem procurou se informar.
"O Ganesh tem dois garçons
novos. Vou conversar com
eles para saber o que aconteceu. É difícil acontecer esse tipo de coisa", disse Dinesh
Rajput, responsável pela casa.
(CRISTINA FIBE, GIULIANA BASTOS, JANAINA FIDALGO, LUIZA FECAROTTA E RACHEL BOTELHO)
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