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COMIDA
Crítica
"Irmão" do Pomodori, La Tomate é mais barato, mais livre e mais francês
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A
berto semana passada
na porta ao lado do Pomodori e tendo como
donos os mesmos proprietários
e chef (além do nome correlato
em francês), o La Tomate Bistronomique parece ser mais
francês e mais livre que o irmão
mais velho.
Na verdade, não é bem assim:
são quase gêmeos, embora o
novo seja mais barato. O Pomodori há tempos não é uma casa
exclusivamente italiana (senão
na carta de vinhos e nas águas
única e irritantemente importadas). E tampouco o La Tomate é exclusivamente francês.
Até tem pinta de francês.
Mas Jefferson Rueda, chef dos
dois restaurantes, prefere brincar com o cardápio, incutindo
receitas e ingredientes de várias origens, do mais óbvio italiano ao tailandês ou mineiro.
Um pé no ecletismo que, a bem
da verdade, o próprio Pomodori já vem fazendo há tempos,
aproveitando-se também das
técnicas em voga (cozimento a
vácuo e em baixa temperatura).
Rueda, 31, paulista de São José do Rio Pardo, estudou gastronomia, já trabalhou fora do
país e há cinco anos está no Pomodori, que abriu com sua
atual sócia nas duas casas, Marina Thompson, e com o chef
Rodrigo Martins, que saiu da
sociedade há dois meses.
Num espaço diminuto, mas
acolhedor, com apenas seis mesas (mais as cadeiras no balcão), ele oferece um cardápio
pequeno e variado, onde cabem
pratos como ovo frito com batata, morcilla e pão, de ar espanhol; fettuccine de açafrão com
vieiras, tomate fresco e ovas de
massagô, algo ítalo-japonês; e o
francês filé ao molho béarnaise.
Os pratos são executados
com competência. O lagostim,
tão fresco quanto possível (o
que nunca é muito) e quase cru,
é perfumado com galanga (espécie de gengibre asiático) e
tem a doçura da musseline de
mandioquinha. O namorado, já
mais passado, tem gostoso mosaico de sabores (tapenade, purê de cará e grãos). O leitão assado com mandioquinha sauté
e mâche faz competente homenagem às raízes interioranas do
chef. A rabada à bourguignonne tem a intensidade esperada.
Nas sobremesas é que sobra
açúcar. E mesmo na que homenageia o tema da casa -tarte tatin de tomate, granité de maçã e
coulis de beterraba-, os elementos mais interessantes (tomate e beterraba) sucumbem, e
seu sabor desaparece.
josimar@basilico.com.br
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