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comida
Ouro verde
Ingrediente originário
da região mediterrânea,
o pistache é uma joia da culinária árabe; conheça a origem dessa semente, confira como ela é usada na cozinha e saiba de onde vem o exemplar mais saboroso
do mundo
JULIANA ZAMBELO
DE SÃO PAULO
Oval e avermelhado, o fruto do pistache nasce em árvores frondosas. Afeito ao frio,
ele se desenvolve no inverno
e amadurece em setembro. É
nessa época que ele se abre
para revelar a semente verde
e a ruptura violenta provoca
estalos. O som produzido cria
um espetáculo sonoro que
faz parte de lendas românticas do Oriente Médio.
O pistache é originário da
região mediterrânea e até hoje vem de lá a maior parte da
sua produção. O Irã é o principal exportador, mas Turquia e Síria também colhem
pistaches saborosos.
A concentração da produção é explicada pelo clima: o
bom pistache exige tempo
quente e seco e períodos de
frio. "A árvore precisa de neve e o Irã tem um solo bom",
explica Walid Saddi, proprietário da Saddi Center e pioneiro da importação de pistache ao Brasil.
MELHOR DO MUNDO
Apesar da forte presença
de mercado, já faz algum
tempo que o Irã foi superado.
Hoje vem de Bronte (Itália) o
melhor pistache do mundo.
Lá, ele cresce no fértil solo
vulcânico do Etna. "Tem sabor, cor e aroma muito mais
intensos", conta Alexandre
Scabin, da gelateria italiana
Stuzzi.
A colheita do ouro verde
do Bronte é manual e a safra
é pequena (1% da produção
mundial), fatores que encarecem o produto. Por isso, o
melhor pistache do mundo
não é encontrado no Brasil.
De um raro carregamento
conseguido com exclusividade logo após a colheita de setembro, a Stuzzi preparou receitas especiais, mas a amostra acabou em poucos dias.
NA COZINHA
Walid Saddi começou a
trazer pistache do Oriente para o Brasil nos anos 1990,
com a abertura das importações. Hoje ele dispõe de uma
variedade de tipos da noz,
das cruas para fazer doces às
torradas para petiscar.
A produção em clima tropical é inviável, o que encarece o produto por aqui. Alexandre Scabin conta que o alto custo da noz gera aberrações. "A gente vê sorvetes de
pistache que não têm pistache nenhum. São usados corantes e castanha de caju."
A versão torrada e salgada,
como aperitivo, predomina
no uso doméstico no Brasil.
Presente em cozinhas italianas em doces, sorvetes e embutidos como mortadela, é
na culinária árabe que o pistache é melhor aproveitado.
Leila Kuczynski, chef do
restaurante Arabia, conta
que a noz é muito usada em
sobremesas e no preparo de
arroz e carnes. "Nos doces,
ele é usado cru porque aceita
bem a calda. Mas pode ser
também moído, que é como
fica mais úmido", conta.
A chef Nohad El Kadre, do
Chez Nohad, usa o pistache
cru para ornamentar pratos,
destacando o seu verde vistoso. "Ele valoriza o prato, mas
seu sabor se destaca muito,
tem que tomar cuidado na
forma que você usa", alerta.
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