São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CRÍTICA RESTAURANTE

Casa da Fazenda assume brasilidade

Localizado em prédio histórico, restaurante muda o cardápio e resgata sabores paulistanos

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O restaurante Casa da Fazendo do Morumbi é uma joia rara no cenário gastronômico brasileiro pela sua localização. Fica num prédio histórico, uma sede de fazenda de chá de 1813 onde viveu o Regente Feijó (1784-1843).
É um testemunho do Brasil rural, encravado em plena zona urbana da capital. Mas, desde que o salão principal do edifício virou restaurante, esse vínculo com a história muito pouco se expressou em sua cozinha, na maior parte do tempo italiana.
As coisas agora mudaram. Num cenário mais que perfeito, os sabores brasileiros, e, mais especialmente, paulistas encontram seu lugar a partir das pesquisas do chef Ivan Achcar. Ele também é chef do Café Journal, cujo proprietário, Denis Rezende, assumiu agora o Casa da Fazenda (que fica no interior de um centro cultural).
Achcar, 35, há muito vem falando sobre a valorização da cozinha paulistana (tanto a antiga quanto a atual, miscigenada com a imigração), mas, na prática, ela não é a tônica do Café Journal.
Já o Casa da Fazenda é uma moldura inspiradora para essa pesquisa e o chef aproveitou a oportunidade.
O cardápio começa com um grande achado: um menu de arroz e feijão. São seis variedades de arroz (servidos apenas cozidos ou compondo receitas) e nada menos do que 17 de feijão, também apenas cozidos (com louro, bacon e paio, em caldo cremoso) ou usados em receitas.
Cada receita indica com que variedade ela pode ser feita. Por exemplo: para o tutu (feijão cozido batido e engrossado com farinha de mandioca, torresmo, bacon, linguiça e tomate) são recomendados os feijões azuki, bolinha, branco, carioquinha, jalo, preto, rajado, rosinha, roxinho e vermelho.
Sabia da existência deles? Nas primeiras páginas, o cardápio explica as características de cada um, assim como faz com o arroz. E você pede seu feijão na forma de virado, tropeiro, purê, salada etc.
Assim, os peixes, aves e carnes do cardápio já incluem no preço um acompanhamento de arroz e feijão à escolha. Os pratos têm também sabor brasileiro e paulista. Por exemplo, frango caipira com quiabo (com cuscuz do seu próprio molho, vinagrete e queijo meia-cura).
Na mesma linha vão vários outros, como a marmita do pescador (peixe com vegetais, banana-da-terra, abóbora, batata-doce e azeite de dendê, assado na marmita), ou a costelinha de porco curada, assada em suco de laranja, servida com redução do suco e cará frito.
Fora isso, há uma seleção de pratos com arrozes brasileiros (arroz de forno de frango caipira; risoto de arroz vermelho com requeijão do norte e castanha-de-caju; risoto de cateto integral com linguiça curada, cachaça e queijo da Canastra).
E pratos do dia, de segunda a sexta (virado, dobradinha, bife à parmigiana...). E as compotas da sobremesa, e o bolo de chocolate com calda quente de chocolate meio amargo e licor de laranja.

josimar@basilico.com.br

CASA DA FAZENDA DO MORUMBI 

ENDEREÇO av. Morumbi, 5594, Morumbi, tel. 0/xx/11/3742-2810
FUNCIONAMENTO de seg. a sex., das 12h às 15h; sáb. e dom., das 12h às 17h
AMBIENTE antigo casarão colonial, com avarandado avistando a vegetação em volta
SERVIÇO está se adaptando ainda ao novo cardápio -pratos podem demorar
VINHOS uma certa variedade, mas poderia agora oferecer um painel de brasileiros
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO com manobrista, R$ 12
PREÇOS couvert, R$ 9,80; PFs (seg. a sex.), R$ 38; entradas e saladas, de R$ 16 a R$ 24; pratos principais, de R$ 49 a R$ 196 (para três pessoas)


Texto Anterior: Nina Horta: Comer para contar
Próximo Texto: Bom e Barato: Extensão de hortifrúti, Senhora Salada usa vegetais frescos como atrativo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.