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CRÍTICA RESTAURANTE
Casa da Fazenda assume brasilidade
Localizado em prédio histórico, restaurante muda o cardápio e resgata sabores paulistanos
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
O restaurante Casa da Fazendo do Morumbi é uma
joia rara no cenário gastronômico brasileiro pela sua localização. Fica num prédio histórico, uma sede de fazenda
de chá de 1813 onde viveu o
Regente Feijó (1784-1843).
É um testemunho do Brasil
rural, encravado em plena
zona urbana da capital. Mas,
desde que o salão principal
do edifício virou restaurante,
esse vínculo com a história
muito pouco se expressou
em sua cozinha, na maior
parte do tempo italiana.
As coisas agora mudaram.
Num cenário mais que perfeito, os sabores brasileiros, e,
mais especialmente, paulistas encontram seu lugar a
partir das pesquisas do chef
Ivan Achcar. Ele também é
chef do Café Journal, cujo
proprietário, Denis Rezende,
assumiu agora o Casa da Fazenda (que fica no interior de
um centro cultural).
Achcar, 35, há muito vem
falando sobre a valorização
da cozinha paulistana (tanto
a antiga quanto a atual, miscigenada com a imigração),
mas, na prática, ela não é a
tônica do Café Journal.
Já o Casa da Fazenda é
uma moldura inspiradora
para essa pesquisa e o chef
aproveitou a oportunidade.
O cardápio começa com
um grande achado: um menu de arroz e feijão. São seis
variedades de arroz (servidos
apenas cozidos ou compondo receitas) e nada menos do
que 17 de feijão, também apenas cozidos (com louro, bacon e paio, em caldo cremoso) ou usados em receitas.
Cada receita indica com
que variedade ela pode ser
feita. Por exemplo: para o tutu (feijão cozido batido e engrossado com farinha de
mandioca, torresmo, bacon,
linguiça e tomate) são recomendados os feijões azuki,
bolinha, branco, carioquinha, jalo, preto, rajado, rosinha, roxinho e vermelho.
Sabia da existência deles?
Nas primeiras páginas, o cardápio explica as características de cada um, assim como
faz com o arroz. E você pede
seu feijão na forma de virado,
tropeiro, purê, salada etc.
Assim, os peixes, aves e
carnes do cardápio já incluem no preço um acompanhamento de arroz e feijão à
escolha. Os pratos têm também sabor brasileiro e paulista. Por exemplo, frango caipira com quiabo (com cuscuz
do seu próprio molho, vinagrete e queijo meia-cura).
Na mesma linha vão vários
outros, como a marmita do
pescador (peixe com vegetais, banana-da-terra, abóbora, batata-doce e azeite de
dendê, assado na marmita),
ou a costelinha de porco curada, assada em suco de laranja, servida com redução
do suco e cará frito.
Fora isso, há uma seleção
de pratos com arrozes brasileiros (arroz de forno de frango caipira; risoto de arroz
vermelho com requeijão do
norte e castanha-de-caju; risoto de cateto integral com
linguiça curada, cachaça e
queijo da Canastra).
E pratos do dia, de segunda a sexta (virado, dobradinha, bife à parmigiana...). E
as compotas da sobremesa, e
o bolo de chocolate com calda quente de chocolate meio
amargo e licor de laranja.
josimar@basilico.com.br
CASA DA FAZENDA DO
MORUMBI
ENDEREÇO av. Morumbi, 5594,
Morumbi, tel. 0/xx/11/3742-2810
FUNCIONAMENTO de seg. a sex.,
das 12h às 15h; sáb. e dom., das
12h às 17h
AMBIENTE antigo casarão colonial,
com avarandado avistando a
vegetação em volta
SERVIÇO está se adaptando ainda
ao novo cardápio -pratos podem
demorar
VINHOS uma certa variedade, mas
poderia agora oferecer um painel
de brasileiros
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO com
manobrista, R$ 12
PREÇOS couvert, R$ 9,80; PFs (seg.
a sex.), R$ 38; entradas e saladas,
de R$ 16 a R$ 24; pratos
principais, de R$ 49 a R$ 196
(para três pessoas)
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