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Irmã abre baú de Renato Russo em 2004
DO ARTICULISTA DA FOLHA
A autorização da vasta obra de
Renato Russo está nas mãos de
três pessoas: do pai, Renato Manfredini, da mãe, Maria do Carmo
Manfredini, e da irmã, Carmem
Tereza Manfredini.
"Atualmente, analisamos os
projetos entre nós três e entramos
num acordo. O Giuliano [14, filho
de Renato] é muito novo para decidir sobre essas coisas", explica
Carmem, 41.
Carmem, que também dá aulas
de inglês, explica que teve de proibir obras anteriores: "Soubemos
por meio da imprensa e de amigos, e a gente embargou".
Segundo ela, sempre pedem autorizações para vários projetos,
não apenas peças ou filmes, mas
também livros didáticos de português e de religião, que analisam as
letras do irmão.
É ela quem organiza a obra do
cantor, com a ajuda da amiga Renata Azambuja, artista plástica.
O baú começa a se abrir em
2004. No Centro Cultural Banco
do Brasil de Brasília, haverá exposição com objetos pessoais, manuscritos e fotos inéditas.
"Ele odiava computador, fazia
tudo a mão. É legal para ver o processo de trabalho dele. São toneladas de papel. Há coisas interessantes: partes de letras se misturam até chegar a uma versão final.
Ele mudava e reaproveitava o material", conta Carmem.
"Dá trabalho ser herdeira e representante de um legado artístico e cultural. É um trabalho de diplomacia: receber pessoas, dar
entrevistas, estar em eventos. Mas
é prazeroso porque, se não fizermos, a memória reduz", explica.
Quanto ao espetáculo de Fezu
Duarte, Carmem conta por que
autorizaram: "Havia pessoas amigas envolvidas. Olhamos qual era
a da peça, analisamos e achamos
bem legal. Parece uma coisa séria.
E achei a cara do meu irmão: o cavaleiro solitário lutando contra o
mal com um grupo de amigos, e
um quê de coisa medieval", diz.
"A gente sempre parte desse princípio, o que ele pensaria, se ele
gostaria", afirma.
Os Manfredini não sabiam que
a fama do filho iria permanecer.
Imaginavam que, após a morte,
em decorrência da Aids, não falariam mais dele.
"Meus pais foram chamados
para inauguração de bibliotecas
em escolas públicas com o nome
do Renato. Isso não pára. E eles
vão, com prazer", diz Carmem.
"Aqui em Brasília, o governo até
pensa em mapear os lugares que o
Renato frequentava para incentivar o turismo. Já tem duas praças.
Numa delas, Eduardo e Mônica,
os jovens vão lá, ficam cantando,
virou um reduto cultural", diz.
Carmem também surpreenderá
em 2004. Vai montar um show e
cantar. "Sou uma pessoa insegura, mas já decidi que vou fazer. O
problema é definir o repertório."
Se irá cantar músicas do irmão?
Sim, provavelmente "Depois do
Começo". "Achei que as pessoas
iriam pensar que eu estava me
aproveitando. Mas disseram que,
se eu não fizesse nada do Renato,
ficariam revoltadas."
(MRP)
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