UOL


São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

São Paulo à beira-mar

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Ana Hickman, que desfila para a Sais



Maior evento de moda da América Latina, São Paulo Fashion Week exibe a partir de amanhã 47 visões do verão


ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Os olhares do mundo se voltam para São Paulo a partir de amanhã, quando, ao som de um quarteto de cordas, a modelo Luciana Curtis pisar na sala 1 do prédio da Bienal, no parque Ibirapuera, vestindo modelo de Marcelo Sommer bordado pelas artesãs da Rocinha (a Cooperativa de Trabalho Artesanal e de Costura da favela carioca). Trata-se da prévia dos 47 desfiles que estarão na programação da São Paulo Fashion Week, o calendário oficial da cidade.
Em sua 15ª e mais ambiciosa edição, o prédio da Bienal se pinta e se ilumina de rosa, alusão ao número 15 da edição. E se a moda no Brasil está debutando, nada melhor do que um pouco de sonho e fantasia para combater a vida real.
Na comparação entre 2002 e o ano anterior, quatro das cinco atividades que respondem pelo indicador geral do varejo nacional tiveram desempenho negativo, dentre elas os tecidos, vestuário e calçados (-1,24%). Em SP, o varejo de maio registrou queda de 8,55% no faturamento, comparado com o mesmo mês de 2002.
Dos participantes da SPFW, três recuaram de última hora e saíram do evento: Walter Rodrigues, justamente o estilista da primeira-dama, Marisa Letícia. "Foi uma decisão amarga, mas preciso dessa tomada de fôlego", diz.
As outras desistências foram o mineiro Renato Loureiro e a argentina Jessica Trosman. De toda forma, o evento é o mais importante da América Latina e quer transformar São Paulo na chamada quinta capital da moda (atrás de Paris, Milão, Londres e Nova York).
São cerca de 36 os jornalistas estrangeiros, fundamentais nessa missão. Mas sua representatividade ainda é limitada. Entre os veículos mais importantes, estão o jornal "Women's Wear Daily", os sites Fashion Wire Daily e WGSN e jornais como "Le Monde" e "La Nación".
E certamente ganhará o mundo a imagem de Gisele Bündchen para a Cia. Marítima, amanhã. Gisele chega hoje e se prepara para, em meio à histeria de sempre, fechar o desfile da grife de moda praia.
Quem abre é Ana Beatriz Barros, que fez a campanha e o catálogo. Gisele fará três entradas: o primeiro look é uma microssaia com estampa de gato; o segundo, um biquíni com camisa anos 60 (com estampa floral geométrica); o terceiro, um biquíni com estampa inspirada em heroínas dos anos 60 e sainha.
Ana Hickman, também modelo internacional e uma das musas da Victoria's Secret, deverá tirar o fôlego do público ao desfilar de biquíni para a Sais, segunda marca da Rosa Chá, cujo desfile participa com exclusividade.
Os números ajudam e empolgam: o Brasil teve um aumento de 86,8% nas exportações de moda praia 2003 em relação a 2002. No setor jeans, cresceu 30% nos cinco primeiros meses do ano em comparação com 2002.
Nas praias e nas passarelas, ninguém quer saber de números. Só o que importa é qual é o biquíni da moda. "É difícil saber o que se vai usar no verão, já que não existe mais uma tendência de modelagem na moda praia", diz o empresário Benny Rosset, da Cia. Marítima. Segundo ele, "cada mulher tem uma cara e um corpo. É o corpo que dá opções do que vestir". "Não existe mais a ditadura da praia", decreta.
Faz coro o outro papa da moda praia, Amir Slama, da Rosa Chá e Sais. "O papel do estilista é dar instrumentos para a mulher se sentir bem." Com esse "motto", Slama define uma coleção democrática, com foco nos seios.
Outra característica é a calcinha bem baixa. "Até com um pouco do "cofrinho" aparecendo", diz. Resta saber se essa "tendência" pegará nos corpos de todo o mundo... ou só do Brasil.
No feminino para a praia, uma tendência é a linha de surfe. O estilo é foco dos confeccionistas desde que o esporte apareceu nas passarelas internacionais, na última temporada de verão.
"É difícil quantificar o crescimento, mas há valorização", diz Humberto Nastari, da O'Neill. A Fico, há 20 anos no mercado, também investe nas meninas.
Vem do Havaí outra referência que deverá gerar assunto: o tema da coleção da Vide Bula é a história de um casal que mora no Texas; ele vai para o Havaí e se encanta por um surfista. A namorada vai atrás e se encanta pelo mesmo surfista. Os três passam a viver juntos, felizes para sempre.

Veja a programação, fotos e acompanhe os desfiles em www.folha.com.br/especial/2003/fashionweekverao

Texto Anterior: Crítica: "Dawson's Creek" prega o conformismo pop
Próximo Texto: Verão tingido de azul
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.