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MÔNICA BERGAMO
Bruno Stuckert/Folha Imagem
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Mais de 600 operários correram contra o tempo para tudo ficar pronto para a 15ª edição da São Paulo Fashion Week, que começa amanhã |
Ensaio geral
Amanhã começa a São Paulo
Fashion Week. O dinheiro é
curto -os cachês das modelos não são reajustados há
três anos, e até as top models de
carreira internacional desfilam
por cachês baixos para seus padrões. Mas costurar é preciso,
ser belo é preciso, vender é preciso -e mais de 600 pessoas
passaram a semana construindo os cenários do evento.
Do outro lado da cidade, na
Pinacoteca, seis técnicos montavam uma das boas exposições
do mês, a das Sant'Anas, imagens que saíram de uma fazenda do interior de Minas Gerais para serem expostas na cidade
-evento que também começa
amanhã.
Arquitetura do desejo
Nem elas escaparam da crise.
Ricas, lindas, famosas, invejadas, as top models brasileiras estão há três anos sem "reajuste
salarial". Pelo menos nas passarelas brasileiras: desde 2000 a tabela de cachês para desfiles da
São Paulo Fashion Week não é
reajustada. Modelos em início
de carreira, as "C", de acordo
com a tabela, ganham R$ 300; as
"B" ganham R$ 500; as "A", R$
700.
A partir daí elas são classificadas em "special", com cachê de
R$ 1.200, por desfile, e então
"special plus", de R$ 5.000 (modelos homens, coitadinhos, jamais ganham acima de R$ 1.200).
Há ainda as supertops, como
Gisele Bündchen, Fernanda Tavares, Caroline Ribeiro e Ana
Hickman, com sólida carreira
internacional, ganhos estratosféricos em dólares e cachês diferenciados na SPFW. Mas nem
nesse nicho a vida anda fácil
quando elas pisam no Brasil.
"Já cheguei a receber R$ 30 mil
por um desfile aqui. Mas uma
coisa é o quanto a gente vale. A
outra é o quanto as empresas
têm para investir", diz Ana
Hickman, que vai desfilar por
R$ 5.000 na 15ª edição da São
Paulo Fashion Week. "A verdade é que ninguém quer ficar parada." Ainda assim, Ana vai fazer seis desfiles no evento. Na
última edição, fez 15.
A top Fernanda Tavares, por
exemplo, insistiu no cachê alto,
estimado em R$ 30 mil. Resultado: vai fazer só um desfile, da
Zoomp.
Gisele Bündchen cobra R$ 90
mil. Vai desfilar apenas para a
Cia. Marítima. "Há dez anos os
cachês eram muito maiores. A
crise chegou à moda. Hoje em
dia as pessoas não têm dinheiro
nem para comprar queijo branco, quanto mais casaco novo",
diz Mônica Monteiro, empresária de Gisele.
Outras tops consagradas que,
entra ano, sai ano, têm recebido
R$ 5.000: Isabeli Fontana, Michelle Alves, Ana Cláudia Michels, Marcele Bittar.
Há modelos que recebem até
em roupa. "Como elas adoram,
a gente às vezes faz permuta",
diz Terezinha Santos, dona da
Patachou. "É bom para todo
mundo."
Os estilistas, que chegam a desembolsar até R$ 250 mil para
mostrar sua coleção, também
estão se ressentindo com a crise.
Três deles desistiram de desfilar
alegando "reestruturação" em
suas empresas. Mas a SPFW
conseguiu, apesar de tudo, até
crescer e manter seu orçamento, de R$ 4,5 milhões na edição
de janeiro, intocado. Para isso,
aumentou o número de patrocinadores, de dez para 13.
No fim da semana, 600 operários trabalhavam para finalizar
a montagem do evento, na Bienal. Instalavam 55 hidrantes,
200 extintores, 5.000 m2 de cabos de transmissão e 13 mil m2
de geradores de energia, que alimentarão 1.300 refletores para
jogar luz sobre 400 modelos que
exibirão algumas das roupas
mais bonitas do Brasil.
bergamo@folhasp.com.br
COM CLEO GUIMARÃES E ALVARO LEME
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