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Viagem marca retorno de atriz ao país natal
DA ENVIADA A HAVANA
A viagem dos Satyros a Cuba
tem outro sentido, além da
apresentação de um espetáculo, para uma das integrantes da
companhia: a transexual cubana Phedra D. Cordoba, 70, atriz
dos Satyros desde 2003, reencontrou Havana 54 anos depois
da partida.
"Ela é a verdadeira Estátua
da Liberdade do século 21. Não
será transportada de navio durante semanas, como aconteceu quando os franceses deram
o seu presente gigantesco aos
americanos. Será transportada
em um assento pequeno e desconfortável pela Copa [Airlines, companhia aérea panamenha], com escala no Panamá",
escreveu em seu blog, antes da
viagem, o diretor do grupo, Rodolfo Vázquez.
Depois da escala, Phedra
chegou a Cuba procurando fumar -e pôde fazê-lo já dentro
do aeroporto da capital, onde
não há restrição ao fumo em alguns ambientes. "Estou feliz.
Achei que Havana estaria mais
feia. E você está gostando? É
bonito ver vocês tentando hablar espanhol", comenta.
Batom vermelho nos lábios e
leque sempre em mãos, ela parece alheia às dificuldades que
o restante do grupo enfrenta
em seu país. Saiu de Cuba antes
da revolução de 1959. Queria
dançar e atuar como atriz, mas
era impedida pela família de se
vestir de mulher. Deixou o país
para realizar o desejo e conheceu mais de dez lugares até se
fixar no Brasil, há 50 anos.
"Eu sou pioneira das transexuais cubanas", afirma. "Nada
disso era permitido aqui", diz,
referindo-se à homossexualidade. Além da peça, Phedra ganhou outros palcos em Havana
durante a temporada dos Satyros: dançou e cantou numa festa gay clandestina (leia na página ao lado) e gravou cenas no
Malecon, o calçadão à margem
do mar em Havana, para um
documentário, iniciado no Brasil por Kiko Goifman.
(AF)
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