São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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MÔNICA BERGAMO

Ana Ottoni/Folha Imagem
Além de dicas de estilo, Gloria Kalil fala sobre boas maneiras e dedica capítulo de seu terceiro livro a etiqueta para famosos


Era uma vez uma linda mulher que ficou famosa ao participar de um programa de auditório e mais ainda ao posar nua numa revista.
 
A celebridade rendeu-lhe convites para restaurantes badalados, festas inesquecíveis e desfiles de grifes chiques, onde sempre tinha assento garantido na primeira fila. Dois anos depois, a mesma moça implorava para entrar na mesma sala de desfiles. A fama instantânea havia feito mais uma vítima.
 
O conto da Cinderela que voltou a Gata Borralheira é uma das saborosas histórias (reais) contadas por sua testemunha ocular, a consultora de moda Gloria Kalil, no livro "Chic[érrimo]" (ed. Códex), que vai ser lançado nesta semana. Além de estilo, trata de boas maneiras -e não só para os simples mortais. O livro tem também dicas de etiqueta para celebridades.
 
"A moda nos anos 2000 é ser celebridade, o que pode dar em vulgaridade", alerta Glória nas primeiras páginas. "Elas (as celebridades) acham que podem tudo. E, no momento, parece que podem mesmo." Mas não podem, segundo a autora.
 
Sua idéia é mostrar como celebridades e anônimos podem aprender a conviver sem dar vexames. "Já que as celebridades invadiram a nossa vida, está na hora de propor uma etiqueta para esses dois mundos."
 
"Trato as celebridades como uma raça à parte", explica Glória, que as divide em duas categorias. De um lado, fica quem têm data de validade -ou seja, apenas está celebridade. De outro, quem de fato é uma delas. Para a autora, o símbolo desse último grupo é o cineasta Walter Salles. "Ele é bonito, procurado, requisitado e nunca deixa que outros se meterem em sua vida pessoal."
"A palavra "celebridade" é uma das mais cafonas da história da humanidade", diz Preta Gil, que não gosta da palavra mas sabe ser celebridade. Tirou a nota mais alta -sete- num teste que a coluna elaborou a partir dos conselhos de Gloria e fez com sete personalidades. "A vida é muito mais complexa do que isso", diz a apresentadora.
 
Adriane Galisteu teve a mesma nota de Preta, mas discorda dela. "Celebridade é uma palavra que devia ser mais respeitada", afirma. Em outros países, diz ela, não tem conotação ruim. "No Brasil, logo associam celebridade a fama relâmpago."
 
"Já passei por uma saia justa danada", diz Hebe Camargo, que também fez o teste e ficou em dúvida na hora de responder a questão sobre se deve ou não receber a imprensa em casa, que acabou acertando.
Hebe conta que foi no ano passado, quando recebia a cantora inglesa Sarah Brightman e deixou que os jornalistas entrassem em sua casa para fazer fotos. Sarah ficou constrangida. "Estava com uma roupa muito simplesinha, coitada", relata. O jeito foi ela, a anfitriã, ficar simples também: trocou os sapatos finos por chinelos de dedos.
 
Nem todas as dicas do livro partem de observações pessoais de Gloria. Algumas vieram de questionários preenchidos por celebridades e jornalistas de variedades, com perguntas sobre as dores e delícias da fama.
 
Daí vieram conselhos como: "não anuncie a sua separação primeiro para a imprensa e depois para o namorado" e "não obrigue sua assessoria a mandar "qualquer nota" para os jornais". "Os famosos precisam aprender que sua intimidade não é tão interessante quanto eles pensam", sentencia Gloria.


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