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TELEVISÃO
Programa de revelação de cantores volta ao ar no próximo sábado com a meta de se "aproximar do público"
Globo tenta levantar carreira de "Fama"
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
Pense rápido em cinco nomes
de ex-participantes do "Big Brother Brasil" -não vale ser da última edição. Fácil? Agora tente se
lembrar de cinco aspirantes a cantor que participaram do "Fama".
É tarefa bem mais difícil...
Com uma audiência que pode
ser considerada satisfatória para o
horário (médias de 15 pontos no
Ibope, nas tardes de sábado), mas
com uma repercussão que passou
longe da desejada pela emissora
em suas duas primeiras edições, o
"reality show" musical "Fama"
volta ao ar na Globo no próximo
sábado, com reformulações. O
objetivo é tentar aproximar mais
do público o programa e seus participantes, que tentam a carreira
de cantores profissionais.
Com exceção de Vanessa Jackson, vencedora do primeiro "Fama" -que até hoje faz cerca de
nove shows por mês- e do cantor Thiaguinho, do "Fama Bis",
hoje vocalista do Exaltasamba,
praticamente todos os participantes das duas edições do programa
voltaram para o anonimato.
"Não fomos muito procurados
pela imprensa, não gravamos disco e quase todo mundo voltou a
fazer o que fazia antes do programa", diz David Fantazzini, que retomou a carreira de cantor gospel
-mas teve que esperar um ano
para gravar seu CD evangélico, já
que os participantes do programa
tinham contrato de exclusividade
com a gravadora BMG. "Isso me
prejudicou, fiquei um ano preso e
sem poder fechar com gravadoras
que me procuraram."
Fabio Nestares, colega de programa de Fantazzini, também só
conseguiu gravar seu primeiro
CD, pela Universal, quase um ano
e meio depois do fim do programa. Nesse tempo, gravou apenas
uma música para a trilha da novela "Chocolate com Pimenta".
Pela BMG, os participantes de
"Fama" gravaram CDs com as
músicas que cantavam nos programas -os oito discos lançados
pela gravadora venderam juntos
pouco mais de 350 mil cópias. A
Folha apurou que cada participante do programa ganhou cerca
de R$ 1.300 pelas vendas.
Isso vai deixar de existir nesta
terceira edição. "Porque impossibilita o artista de fechar contratos
com outras gravadoras que estejam interessadas", afirma J.B. de
Oliveira, o Boninho, responsável
pela reformulação que "Fama"
sofrerá em sua terceira edição.
Diretor das quatro bem-sucedidas edições de "Big Brother", ele
levou toda a equipe do "reality
show" para "Fama". Até a casa do
"BBB" vai se transformar na "academia" onde os integrantes do
programa passam a morar e ter
aulas. "Não dá para comparar esta com as outras edições de "Fama". Evoluiu, é outro conceito;
um programa diferente", diz.
A principal mudança vai ser um
aumento significativo na participação do público: os telespectadores, e não mais um júri, vão dar
notas e eliminar os participantes
através de telefone e internet, tal
qual acontece no "BBB".
"A opinião de jurados nem
sempre combina com a do público, já que eles vêem aspectos mais
técnicos, e os telespectadores votam baseados na emoção, na empatia com os concorrentes. Com o
voto popular, o objetivo é criar
uma identidade maior com o programa", diz Boninho.
É o que acontece, por exemplo,
com o americano "American
Idol", exibido no canal pago Sony.
Apesar de recentemente ter tido
seu sistema de votação questionado -milhões de votos estariam
deixando de ser computados-, o
programa criou uma verdadeira
comoção nos EUA, e o canal já
prepara sua quarta edição.
Cerca de 28 milhões de americanos paravam semanalmente para
torcer pelos concorrentes a novo
"ídolo americano", colocando o
programa na lista dos mais vistos
do país. Entre os participantes,
houve até um deles indicado ao
Grammy deste ano. No Brasil,
"American Idol" é o programa
mais assistido entre o público de
18 e 49 anos no seu horário.
O espanhol "Operación Triunfo", criação da produtora holandesa Endemol que deu origem ao
"Fama", também foi bem-sucedido ao lançar seus participantes ao
estrelato. O vencedor da primeira
edição, David Bisbal, venceu o
Grammy Latino em 2003 como
artista revelação e seu CD teve 1
milhão de cópias vendidas.
A marca é semelhante à das vendas do primeiro CD do grupo
Rouge, formado pelo "reality
show" "Popstar", do SBT. Com
índices de audiência não muito altos, o programa teve uma repercussão enorme e em sua segunda
edição lançou a versão masculina,
Br'Oz, que já ultrapassou os 320
mil discos vendidos -quase dez
vezes o que vendeu o disco de Vanessa Jackson, do "Fama".
"É difícil dizer quem vai ou não
prosperar na carreira", diz Mariozinho Rocha, produtor musical
da Globo. "Mas vamos apostar
mais nas características individuais de cada participante."
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